Milagre de Jesus da multiplicação de peixes tem explicação científica? Entenda
Um fenômeno curioso que causa a morte de peixes no Mar da Galileia pode explicar alguns dos milagres mais famosos do catolicismo.
Os evangelhos cristãos contam histórias de alguns milagres de Jesus envolvendo peixes. No capítulo 21 de João, ele ajuda seus discípulos a realizar uma pesca milagrosa, que rendeu 153 peixões de uma vez só.
Em outro relato bíblico, descrito nos quatro evangelhos, Cristo multiplica cinco pães e dois peixes a ponto de alimentar mais de 5 mil pessoas. Agora, um novo estudo propõe uma explicação científica para esses milagres.
Um time de cientistas ambientais e limnólogos – especialistas em corpos de água continentais – mostrou que um fenômeno conhecido como ressurgência causa a morte em massa de peixes no mar da Galileia (que, apesar do nome, é um lago), onde os milagres teriam acontecido.
Também conhecido como lago de Genesaré, esse é o maior lago na área hoje ocupada pelo Estado de Israel. Muitas das histórias do ministério de Jesus se passam ali, às margens do mar da Galileia.
O estudo que propõe uma explicação científica para os milagres foi publicado no periódico Water Resources Research. Um evento natural que ocorre no mar da Galileia causa uma matança generalizada dos peixes, e a hipótese dos pesquisadores é que esse fenômeno esteja associado às narrativas bíblicas.
Peixes morrendo afogados
A Bíblia não se propõe a ser um livro científico, e sim um livro de narrativas. Porém, isso não impede que as histórias ali descritas sejam analisadas por uma ótica científica, algo que pode agradar e ajudar tanto crentes quanto descrentes.
Ventos que vêm do oeste causam ondas internas bem grandes dentro do mar da Galileia. Essas ondas internas pegam a água que está nas profundezas e a jogam para a superfície.
O problema é que essas águas profundas são muito mais frias e pobres em oxigênio do que as águas mais superficiais, onde os peixes vivem. Quando elas chegam lá em cima, os bichinhos sufocam por falta de O2.
Atualmente, essas matanças cíclicas de peixes identificadas pelos pesquisadores acontecem na mesma região onde os milagres de Jesus presumivelmente aconteceram, dois milênios antes.
Termômetros e dispositivos para medir o nível de oxigênio foram usados no lago para identificar os períodos curtos quando as ressurgências acontecem. Nessas ocasiões, os peixes que morrem sobem até a superfície e ficam fáceis de pescar.
Essa explicação científica faz bem mais sentido para o milagre descrito em João 21; no caso da multiplicação dos pães e peixes, eles estavam em terra firme. Nenhuma das versões faz referência à pesca de peixes.
Os pesquisadores explicam, porém, que os tipos de peixe mais abundantes acabariam nas margens do lago, onde eles poderiam ser coletados pelo povo.
Esses eventos não são tão recorrentes assim. Eles foram registrados pela última vez em 2012, quando aconteceram duas vezes no mesmo ano. Embora raros, não é possível descartar que algo parecido tenha ocorrido no primeiro século da era comum: na época, as condições do Mar da Galileia já eram similares às atuais.