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Monogamia de algumas espécies pode ter origem genética, diz estudo

Ainda não dá para saber se a lógica vale para os humanos, mas é o primeiro passo para entender como as relações entre os animais evoluiu

Por Rafael Battaglia
9 jan 2019, 12h15

Uma pesquisa da Universidade do Texas pode ser o primeiro passo para a ciência explicar a origem da monogamia -ou da ausência dela- em determinadas espécies. Os cientistas queriam entender se as razões para alguns animais terem se tornado monogâmicos ao longo da evolução tinham origens genéticas.

Para isso, eles analisaram o tecido cerebral de dez espécies, dividas em cinco pares semelhantes: dois de mamíferos, um de pássaros, um de sapos e o último de peixes. Para cada dupla, havia exemplos diferentes de relacionamento No de peixes, por exemplo, uma das espécies era monogâmica; já o outro peixinho era, digamos, avesso a compromisso.

O critério de monogamia adotado pelos pesquisadores foi o seguinte: casais de animais ficando juntos por pelo menos uma temporada de acasalamento, dividindo as tarefas de criação dos filhotes e se unindo para protegê-los de predadores. Eles relevaram se o animal, vez ou outra, quisesse se relacionar com outro parceiro.

Fórmula genética

Publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, a pesquisa analisou desde camundongos californianos a doninhas e tubarões d`água. “Nosso estudo abrange 450 milhões de anos de evolução, quando todas essas espécies partilhavam um ancestral em comum”, disse ao Science Daily a bióloga Rebecca Young, uma das autoras do artigo.

Os cientistas identificaram que, ao longo da evolução das espécies, houve um tipo de alteração universal que aumentou a atividade de determinados genes no cérebro, ao mesmo tempo em que diminuiu a de outros. Essa alteração, segundo eles, pode ter transformado animais não-monogâmicos em indivíduos monogâmicos.

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Ao todo, o estudo identificou 24 genes que parecem ser os mais fortemente ligados aos sistemas de acasalamento exclusivo, independentemente da espécie. No entanto, pode haver centenas de outros genes com conexões mais fracas.

Exclusividade?

A monogamia pode ter diversas vantagens para algumas espécies, mas há também o seu lado negativo. Entender como e por que determinados animais se relacionam dessa forma foi o objetivo da pesquisa.

“Você tem que tolerar outro animal próximo a você por um longo período de tempo e isso não é fácil”, disse Hans Hoffman, um dos autores do estudo, para o jornal The Guardian. “Ele pode tirar sua comida, tirar seu abrigo, deixá-lo doente ou machucá-lo.” Hoffman também afirma que há um grande fardo em cuidar dos descendentes, que consomem mais recursos e representam um risco, uma vez que são mais fáceis de serem encontrados por predadores.

Com tantas desvantagens, fazer a monogamia dar certo é uma vitória para essas espécies. Ainda não se sabe se os mesmos genes poderiam explicar a monogamia humana, uma vez que há uma série de outros fatores biológicos e sociológicos que impulsionaram isso. Mas a pesquisa poderá ajudar a entender melhor, no futuro, todos os tipos de relacionamento – sejam eles exclusivos ou não.

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