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Mudanças climáticas deixaram chuvas 15% mais intensas no RS em 20 anos

Análise da iniciativa ClimaMeter reforça que enchentes não são só culpa do El Niño, e nota aumento nas precipitações no Sul desde o ano 2000 em relação aos anos 1980 e 1990.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 Maio 2024, 11h05 - Publicado em 10 Maio 2024, 18h00

As chuvas no Rio Grande do Sul estão 15% mais intensas nos últimos 20 anos do que eram no final do século passado, nas décadas de 1980 e 1990 e a culpa pelos temporais catastróficos é muito mais responsabilidade do aquecimento global do que de eventos naturais cíclicos como El Niño.

Essas são algumas das conclusões publicadas hoje (10) pelo projeto ClimaMeter, em que climatologistas analisam eventos extremos imediatamente após eles acontecerem. A ideia é entender qual parcela da responsabilidade é de flutuações naturais no clima e qual quinhão é culpa da poluição atmosférica humana.

A iniciativa surgiu no Laboratório de Ciências do Clima e do Ambiente no Instituto Pierre Simon Laplace, na França, e conta com colaboradores de dezenas de países. Duas brasileiras, inclusive, participaram da análise das enchentes gaúchas: Suzana Camargo da Universidade Columbia, nos EUA, e Luiza Vargas-Heinz, do Centro Internacional Abdus Salam de Física Teórica, na Itália.

 

Nas palavras do grupo, “enquanto o El Niño pode ter favorecido a precipitação pesada, ele não explica as mudanças associadas a esse evento quando comparamos o passado e o presente. Nós interpretamos as enchentes no Brasil como tendo características que podem ser majoritariamente atribuídas às mudanças climáticas induzidas pelo ser humano.”

De forma geral, as mudanças climáticas estão deixando o Sul cada vez úmido e o Centro-Oeste cada vez seco (embora a piora na secura seja menos significativa nos gráficos do que o aumento das chuvas). O planeta está em média 1,3 °C mais quente em relação à era pré-industrial, e calcula-se que a probabilidade de chuvas intensas aumente em 30% nesse cenário.

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No mundo ideal, conseguiriamos cortar o grosso das emissões de carbono imediatamente e alcançar a meta platônica de 1,5 °C determinada pelo Acordo de Paris. Já estamos vivendo as consequências do aquecimento global, mas limitá-lo ajudaria um bocado a mitigar a intensidade futuros eventos catastróficos.

Na prática, porém, o mais provável é que as emissões não diminuam em tempo hábil e que a temperatura terrestre acabe subindo mais de 2 °C. O que significaria que o Rio Grande do Sul foi só o começo.

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