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Muro de Trump pode levar animais e plantas do Texas à extinção

A barreira pode separar populações de ursos e jaguatiricas – e impedir pássaros e insetos polinizadores de circular entre os dois países

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 3 abr 2018, 01h14 - Publicado em 2 abr 2018, 19h07

Quem viu Breaking Bad – ou é fã do Papa-Léguas – imagina a fronteira dos EUA com o México como um imenso e árido deserto cruzado por uma linha imaginária. Mas essa é só meia verdade. A divisa entre o Texas e os estados de Coahuila e Nuevo León segue o traçado do Rio Grande – cujas margens sustentam um ecossistema delicado, com grande biodiversidade.

O muro que Trump já está construindo inevitavelmente terá que correr paralelo às margens do rio, impedindo a circulação de espécies entre os dois países e piorando a situação de plantas e animais típicos que já estão ameaçados de extinção.

“Até agora, o muro só passou por cidades e desertos. Mas no Texas, ele vai precisar passar pelo Rio Grande, e isso é completamente diferente”, afirmou em comunicado Norma Fowler, bióloga da Universidade de Austin e autora de um artigo sobre o impacto ambiental da barreira. “Eu e outros biólogos do Texas estamos preocupados com o impacto que a medida terá no nosso rico patrimônio natural.” Para tirar as conclusões, ela e seu colega Tim Keitt analisaram os resultados parciais de outros 14 estudos que já haviam sido feitos sobre o assunto.

Um exemplo é a flor Physaria thamnophila, uma parente distante da mostarda – sim, a planta cuja semente é usada para fazer molho de cachorro quente. O matinho raro só cresce em um lugar do mundo: onde o muro será construído. Outras espécies que estão na mira da construção são a jaguatirica – felino do qual só restam 120 exemplares no Texas – e o urso-negro. O muro pode dividir as populações locais ao meio, derrubando a variabilidade genética e impedindo a reprodução. Pássaros e insetos polinizadores também terão problemas para transportar pólen e sementes de um lado ao outro da barreira.

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Os problemas ambientais podem doer no bolso: segundo uma pesquisa de 2011, a observação de pássaros movimenta o turismo local, gerando US$ 344 milhões por ano. “Se a barreira for construída longe do rio, o ecoturismo vai diminuir porque o acesso às reservas naturais nas margens foi impedido, e a região sofrerá com o impacto econômico”, afirma o artigo. “Por outro lado, se as barreiras forem construídas perto demais do rio, elas vão impedir os animais de escapar das enchentes.”

Uma maneira de atenuar o problema seria criar passagens para os animais ao longo do muro. Mas nenhuma passagem grande o suficiente para um urso será pequena o suficiente para evitar a passagem de um ser humano. O ideal seria apelar para métodos menos invasivos – como sensores de movimento eletrônicos, em vez de uma barreira física. Ou então, é claro, não construir muro nenhum. “Mesmo pequenos segmentos de muro em reservas naturais podem devastar hábitats, a recreação da população local e o ecoturismo”, conclui Keitt.

 

 

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