Será possível projetar a forma de uma flor como quem projeta uma ponte ou um edifício? “A resposta é sim”, disse à SUPER Detlef Weigel, do Instituto Salk de Estudos Biológicos, em La Jolla, Califórnia, um dos autores da pesquisa. “Basta ativar os genes certos durante o desenvolvimento da planta.” Weigel explica que sua equipe achou, este ano, um gene que coordena a ação de todos os outros responsáveis pelo crescimento da flor. Trata-se de um fragmento de DNA batizado com a sigla LFY. Os cientistas provaram que o LFY é capaz de ativar a montagem de um novo vegetal. No laboratório, os pesquisadores implantaram o LFY numa folha da Arabdopsis thaliana, espécie européia da família da mostarda. E da folha, por incrível que pareça, despontou um novo adorno vegetal. Combinando a ação do gene mestre com seus auxiliares, já conhecidos, ficará mais fácil produzir flores com formas inusitadas. “Além disso, será possível acelerar o florescimento de uma planta”, completa a bióloga molecular Marie Anne Van Sluys, do Instituto de Botânica da Universidade de São Paulo.
Esta haste é um tricoma – espécie de pêlo que recobre as folhas, com a função de reter a umidade junto à superfície
As figuras em forma de dedos são papilas estigmáticas – apêndices que identificam quimicamente os grãos de pólen que caem sobre o órgão sexual feminino da flor. Só o pólen da mesma espécie pode fertilizar a planta
Imagem chocante
São incríveis as formas que você vê numa simples flor, quando a observa bem de perto. Os tentáculos que aparecem na foto desta página são as chamadas papilas estigmáticas, ampliadas cerca de 100 000 vezes. Normalmente, elas crescem no órgão sexual feminino da planta. Só que, aqui, uma intervenção genética fez com que as papilas, em vez de brotar numa flor, despontassem sobre uma folha de Arabdopsis thaliana, uma espécie européia
Cobaia vegetal
A Arabdopsis thaliana é muito usada em pesquisa porque tem uma estrutura molecular bem conhecida.
Assim é a thaliana, vista por fora. Ela é uma planta da família da mostarda.
As papilas nascem nos estigmas – a entrada do órgão feminino da flor, que recebe o pólen.