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Não vale a pena tirar os sapatos ao entrar em casa. Entenda por que.

Pois é. A menos que você tenha um bebê se arrastando pelo chão ou seja uma pessoa alérgica, o sapato é o último dos problemas quando de trata de germes em casa

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 2 set 2019, 18h51 - Publicado em 2 set 2019, 17h18

Em algumas famílias, tirar os sapatos é um ritual obrigatório para entrar em casa. Nenhuma partícula de sujeira da rua deve estar no ambiente limpinho do lar. Em muitas culturas, idem – usar sapatos dentro de casa no Japão ou na Rússia é um sacrilégio mortal. Para muita gente, porém, pouco importa por onde a visita passou, qualquer um pode entrar de sapato. Afinal de contas, quem está certo nessa história?

Vamos ver. As solas carregam, sim, bactérias, mas é pouco provável que algum morador da casa contraia uma infecção em decorrência dos sapatos sujos. Onde quer que a gente vá, um pouquinho de sujeira gruda nos sapatos. Alguns lugares são piores que outros — um banheiro público, por exemplo, abriga quase 13 milhões de bactérias por centímetro quadrado.

Um dos principais estudos sobre o assunto foi feito em 2008 pela Universidade do Arizona e alarmou a população. Ele monitorou os sapatos de dez pessoas durante duas semanas e verificou grande ocorrência da bactéria E. coli, que pode causar doenças digestivas e urinárias. A maior parte dessas bactérias, no entanto, é inofensiva e faz parte do nosso trato intestinal.

Mas vale destacar alguns detalhes do estudo: além de ter uma amostragem muito pequena (somente dez indivíduos), a pesquisa não foi publicada em um periódico que usa revisão por pares. Ela também foi feita em parceria (e financiada) por uma empresa de calçados que, não coincidentemente, estava lançando um novo sapato que poderia ser limpo na máquina de lavar.

As bactérias só apresentam um risco real se a pessoa tocar a sola dos sapatos e em seguida colocar a mão no rosto ou na boca. É mais efetivo prestar atenção em outros objetos.

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Em 2014, outra pesquisa foi feita. A Universidade de Houston investigou a presença da bactéria C. difficile em 30 casas. De todos os itens da casa, a bactéria estava mais presente nos sapatos. No entanto, os próprios autores do estudo ressaltam que isso não é motivo para alarde: “Para um indivíduo saudável, as bactérias do sapato apresentam um risco mínimo ou nenhum para a saúde”, diz o pesquisador Kevin Garey ao LiveScience.

As bactérias só apresentam um risco real se a pessoa tocar a sola dos sapatos e em seguida colocar a mão no rosto ou na boca. Como dificilmente entramos em contato direto com o chão, não há tanto com o que se preocupar. Comer alimentos que caíram no chão é uma forma muito mais fácil de contrair infecções do que esquecer de tirar o sapato.

Os sapatos normalmente não saem de perto do chão. É mais efetivo prestar atenção em outros objetos. Qualquer pessoa pode facilmente deixar uma bolsa ou uma mochila no chão e em seguida colocá-la em cima da mesa da cozinha ou da cama.

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Segundo o microbiologista Donald Schaffner, em entrevista ao New York Times, existem formas muito piores de carregar germes para dentro de casa, como através das mãos. Assento do metrô, dinheiro e caixa eletrônico são apenas alguns exemplos de itens em que todo mundo coloca a mão e nunca são lavados. 

A situação muda quando existe um bebê morando na casa. Quando a criança está aprendendo a engatinhar, ela fica em contato com o chão e pode facilmente colocar a mão na boca ou até encostar o rosto no piso. Nesse caso, tirar os sapatos antes de entrar pode prevenir algumas infecções na criança.

A prática também faz sentido se houverem pessoas alérgicas ou com a imunidade reduzida dentro de casa. Um indivíduo com alergia severa ao pólen, por exemplo, pode ter uma reação simplesmente por respirar partículas presentes no carpete.

Se você está procurando deixar a sua casa livre de doenças, lavar as mãos frequentemente ainda é a melhor forma de evitar infecções. Isso não quer dizer que não existam diversas bactérias fecais nos seus sapatos — elas estão lá, mas representam muito mais um nojinho do que uma ameaça real.

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