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Nave da Nasa chega a Júpiter em algumas horas -e pode desvendar mistérios cósmicos

Nesta madrugada, a sonda supertecnológica Juno entra em órbita depois de 5 anos de viagem. Entenda porque essa é a viagem espacial mais importante dos últimos tempos.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 11 mar 2024, 11h12 - Publicado em 4 jul 2016, 17h15

Depois de cinco anos no espaço e 3.390 milhões de quilômetros percorridos, não é exagero que a missão Juno tenha recebido o apelido de “Momento da Verdade”. A sonda da Nasa está prestes a chegar a Júpiter, o mais misterioso dos planetas do Sistema Solar.

Nesta terça-feira, à 1h da manhã, a espaçonave Juno vai entrar na órbita do planeta gigante e a humanidade vai poder observar Júpiter de uma forma nunca antes vista. O nome da missão não é coincidência: na mitologia romana, Juno era a esposa de Júpiter (nome latino do deus grego Zeus) e vivia a espiá-lo. Mas, ao invés de tentar descobrir as infidelidades do marido, como nos mitos, a Juno da Nasa quer descobrir em Júpiter as origens da Terra e do Sistema Solar como o conhecemos.

Para os fanáticos espaciais, a Nasa criou um aplicativo para Windows que acompanha a posição da Juno em tempo real e explica a missão passo a passo. 

O maior planeta do nosso sistema tem uma massa maior que Saturno, Urano e Netuno somados – o que não é fácil, considerando que a parte visível de Júpiter é uma grande nuvem de gás, 11 vezes mais larga que a Terra. É através dessa grossa neblina que os sensores da Juno vão espiar, para descobrir mais sobre a composição interna do planeta.

Primeiro planeta
A razão pela qual Júpiter tem tanto a revelar sobre o nosso Sistema Solar é que tudo indica que ele tenha sido o primeiro planeta a se formar por aqui.

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A maior parte de Júpiter é feita de hidrogênio e hélio, os mesmos gases leves que formam o Sol. Por isso, os cientistas acreditam que o planeta se formou a partir dos “restos” da mistura que formou a nossa estrela – e assim, ele teria surgido na infância do sistema solar.

Por causa da sua massa gigantesca, a composição original de Júpiter está praticamente intacta – o que torna o planeta praticamente um livro de história planetária ambulante. Chegar mais perto da superfície é o primeiro passo para decodificar o que ele diz.

Núcleo desconhecido
Um dos grandes mistérios ao redor de Júpiter é o que está debaixo de todo aquele gás. Alguns cientistas defendem que existe um núcleo sólido de metal, maior que a própria Terra. Outros acreditam que se trata de uma concentração de alta pressão de hélio e hidrogênio.

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Os sensores da Juno podem trazer a primeira confirmação da composição interna de Júpiter. A quantidade de água e amônia encontrada na atmosfera, por exemplo, pode ser um indício de que o interior do planeta é composto de metais pesados.

Saber mais sobre as “partes íntimas” e desconhecidas de Júpiter tem implicações para todos os planetas do sistema solar. Foi depois do surgimento desse núcleo que Júpiter passou a exercer atração gravitacional sobre o resto do sistema. Os cientistas acreditam que o primeiro planeta serviu como um aspirador de pó, retirando asteroides e planetas e deixando a área livre para a formação de planetas como Mercúrio, Vênus, Marte e até a nossa Terra.

Gigante Magnético
Além da atmosfera jupteriana, outro foco do estudo da Juno é o enorme campo magnético ao redor do planeta. O gás hidrogênio das nuvens do planeta é comprimido nas camadas internas, se tornando um líquido com o aumento de temperatura e de pressão. Lá dentro, ele conduz eletricidade como um metal e forma um campo magnético muito poderoso.

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As sondas da Juno vão tentar criar um mapa desse campo, que pode trazer informações para os cientistas sobre a estrutura interna e uma medida mais precisa do núcleo de Júpiter.

O campo magnético também é responsável pelas “auroras boreais” de Júpiter, muito mais brilhantes do que as que temos na Terra, e elas vão ser fotografadas em alta definição pela primeira vez. Além de uma missão de ciência, Juno também vai ser uma missão de arte.

Auroras de Júpiter

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Desafios astronômicos
Para conseguir entrar na órbita de Júpiter nessa madrugada, a Nasa teve que ultrapassar dois grandes desafios principais: a radiação do planeta e a velocidade de inserção orbital.

Júpiter emite 66 milhões de vezes mais radiação que a Terra – e por isso, os computadores e sensores da Juno precisaram ser colocados em uma espécie de bunker espacial, uma caixa de titânio que reduz a exposição à radiação em 800 vezes. Mesmo assim, ao longo do tempo a proteção vai esgotar – o cálculo feito pelos cientistas só protege a nave tempo suficiente para terminar sua missão científica com sucesso.

Além disso, para chegar até Júpiter em 5 anos, Juno bateu recordes de velocidade no espaço – a nave se move a 260 mil km/h. Mas está rápida demais para conseguir entrar em órbita e, por isso, vai queimar seu motor principal essa madrugada durante 35 minutos, para conseguir desacelerar. Se der tudo certo, a Juno se estabilizar a 210 mil km/h, “devagar” o suficiente para ser atraída pela força gravitacional do planeta.

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A espaçonave vai dar a volta ao redor de Júpiter 37 vezes, coletando dados por cerca de um ano e meio. A cada quinze dias, Juno vai dar um “mergulho” na superfície das nuvens que cercam o planeta. Quando a missão for considerada completa, os cientistas da Nasa esperam ter informações suficientes para entender como outros grandes planetas gasosos funcionam.

Além disso, eles acreditam que, a partir dos dados do campo magnético de Júpiter, vai ser possível modelar o funcionamento de estrelas jovens – e, com isso, entender mais sobre o “jardim da infância” dos sistemas planetários.

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