Perto deles, o icebergue que afundou o Titanic parece um cubo de gelo num copo de refrigerante. Com 20 ou 30 quilômetros de extensão, os blocos de água gelada mostrados nas imagens ao lado são nacos que se desprenderam da massa Antártida e saíram boiando mar afora. Glaciologistas e ambientalistas estão preocupados. “As placas se soltarem do litoral antártico é um processo natural”, explicou à SUPER o glaciologista Francisco Eliseu Aquino, do Laboratório de Pesquisas Antárticas e Glaciológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Isso acontece porque, durante o verão, o gelo acumulado no inverno derrete, fica mais fino e acaba partindo-se em vários pedaços. Até aí, nada demais. O problema é que essa debandada tem ocorrido com freqüência cada vez maior: nos últimos dez anos, ela duplicou. O principal suspeito do acelerado desmanche antártico é o aquecimento da Terra. “Enquanto o planeta inteiro teve sua temperatura média aumentada em cerca de 0,5 grau Celsius, na periferia da Antártida essa elevação chega a 2 graus nos últimos cinqüenta anos”, afirma Aquino.
Como surgem as montanhas geladas
Os icebergues são criados pelas geleiras que escorregam do interior do continente antártico.
1. A água evapora dos mares e se acumula na forma de nuvens carregadas de cristais de gelo.
2. No inverno, os cristais caem na forma de flocos de neve e cobrem a superfície do continente.
3. Sob seu próprio peso, a neve endurece. Forma vastas placas que, aos poucos, escorregam para o mar, cobrindo o litoral.
4. Junto da costa, sobre o mar, elas flutuam, imóveis. Essas placas vão se acumulando até sua espessura chegar a mais de três centenas de metros.
5. No calor, as placas derretem e afinam. Acabam partidas pelas ondas, durante temporais. Seus pedaços flutuam, soltos, no mar.
6. É assim que nascem os icebergues, que podem levar anos para derreter. No fim, viram água, que evapora. O ciclo recomeça.