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Nova técnica de estimulação cerebral pode proporcionar alívio nos sintomas de Parkinson

O método responde aos sinais emitidos pelo cérebro do paciente em tempo real

Por Manuela Mourão
Atualizado em 26 ago 2024, 07h08 - Publicado em 24 ago 2024, 12h00

Imagine um futuro onde pessoas com Parkinson possam ter mais controle sobre seus sintomas e, por consequência, uma qualidade de vida significativamente melhorada. Cientistas estão agora mais próximos de tornar isso uma realidade, graças a uma nova abordagem promissora na estimulação cerebral.

A estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla em inglês) é um tratamento já conhecido para quem convive com Parkinson, ajudando com sintomas de rigidez, lentidão e tremores. Essa técnica envolve a implantação de eletrodos finos no cérebro, que fornecem estimulação elétrica a áreas específicas responsáveis pelos controles dos movimentos. No entanto, essa estimulação era mantida em nível constante, o que nem sempre é o ideal.

Pense nisso: a estimulação fixa pode ser insuficiente em certos momentos, permitindo que sintomas voltem a incomodar. Em outros, pode ser excessiva, levando a movimentos erráticos. Mas e se a estimulação pudesse se ajustar automaticamente, conforme as necessidades do paciente?

É exatamente isso que um grupo de especialistas, que publicaram seu estudo na Nature Medicine, está desenvolvendo. O grupo avançou em uma técnica chamada DBS adaptativa, que ajusta os níveis de estimulação em tempo real, com base nos sinais emitidos pelo cérebro do paciente. Em outras palavras, é uma tecnologia que responde ao corpo, fornecendo exatamente o que ele precisa no momento certo.

Como isso funciona?

Durante um estudo piloto, quatro homens com Parkinson testaram um dispositivo de DBS capaz de monitorar a atividade cerebral e ajustar a estimulação de acordo com os sinais recebidos.

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A equipe descobriu que o aumento em um tipo específico de sinal cerebral estava relacionado ao crescimento dos níveis de dopamina, conforme as medicações dos participantes começavam a fazer efeito, e à diminuição dos sintomas motores. Dessa forma, capacitando o desenvolvimento de algoritmos que intensificavam a estimulação da DBS quando o sinal estava baixo e a reduziam quando o sinal estava alto. 

Esses algoritmos foram personalizados para cada indivíduo, levando em consideração o sintoma mais incômodo de cada um. Assim, foi possível criar um sistema de monitoramento contínuo dos sinais cerebrais dos pacientes, que ajustava a estimulação elétrica automaticamente quando necessário. 

“Este dispositivo pode detectar a atividade cerebral e fornecer estimulação ao mesmo tempo. Nossa tarefa foi criar os algoritmos para o software que opera neste dispositivo”, disse Carina Oehrn, da Universidade da Califórnia, principal autora da pesquisa para o jornal The Guardian

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Os resultados foram impressionantes: o tempo em que os participantes experimentaram seus sintomas mais incômodos foi reduzido em cerca de 50% quando usaram a DBS adaptativa, em comparação com a técnica tradicional. Além disso, três dos quatro participantes relataram uma melhora expressiva na qualidade de vida.

Os cientistas afirmam que as medicações ainda serão necessárias juntamente com a DBS adaptativa, embora possivelmente em doses menores, para controlar tanto o humor quanto o desenvolvimento da doença.

Quando essa prática será aplicada?

Claro, ainda há desafios a serem superados. Mais testes são necessários para confirmar a segurança e eficácia da tecnologia, e ajustes precisam ser feitos para que ela possa ser usada amplamente na prática clínica, além do treinamento dos médicos para o uso dessa técnica. “Nosso estudo estabelece as bases para pesquisas futuras, identificando sinais de controle e soluções práticas para os principais desafios da implementação de DBS na vida diária normal”, diz Oehrn. Mas a pesquisadora está otimista.

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“Uma vez que esses desafios sejam superados, estou positiva de que a DBS adaptativa se tornará uma alternativa altamente eficaz à DBS padrão para o Parkinson e potencialmente outras condições neurológicas e psiquiátricas, oferecendo um controle mais estável e personalizado dos sintomas”, explica a cientista para o jornal inglês. 

Se tudo correr como o esperado, a DBS adaptativa pode estar disponível em alguns anos, trazendo uma solução mais personalizada e eficaz para quem vive com Parkinson. 

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