O 2º casamento tende a dar mais certo que o 1º
Nem sempre. Nos EUA, ele dá tão errado quanto, ou até mais. E tudo leva a crer que a mesma coisa acontece por aqui
Texto Lizandra Almeida
Impossível afirmar que seja assim no mundo inteiro. Mas nos EUA, pelo menos, essa história não passa de um mito. As estatísticas são indiscutíveis. Elas mostram que, na verdade, a situação é inversa: entre os que se casam pela 1ª vez, metade acaba se separando, enquanto o índice de divórcios no 2º casamento ultrapassa 60%. De acordo com os sociólogos americanos Frank Furstenberg e Andrew Cherlin, autores do livro Divided Families (“Famílias Divididas”, sem tradução para o português), a 2ª união matrimonial, quando não dá certo, quase sempre termina antes de completar 5 anos.
No Brasil, não existem pesquisas que comparem a duração de primeiros e segundos casamentos. Mas a experiência de psicólogos e psiquiatras em seus consultórios indica que, por aqui, a situação não deve ser muito diferente da verificada nos EUA. Para o psicólogo Flavio Gikovate, especialista em relacionamentos, a experiência adquirida com a 1ª união não é o único fator determinante para o sucesso ou o fracasso da 2ª. “O 2º casamento só dá certo quando o novo parceiro é escolhido de maneira mais criteriosa do que foi o 1º”, afirma Gikovate. “Casais de 1ª união costumam ser formados por pessoas de características bem diferentes. Quando isso torna a acontecer na 2ª, o risco de ela dar errado é grande.”
O passado do novo parceiro – filhos incluídos – é outro fator com potencial para levar o 2º casamento ao fracasso. “Quando uma pessoa se casa de novo sem se desvincular inteiramente de um ‘ex’ problemático ou encrenqueiro, também aumentam os riscos de insucesso”, diz o psicólogo. Mais complicado ainda, segundo Gikovate, é quando os filhos da 1ª união são levados para a 2ª, com todas as despesas extras e dificuldades financeiras que isso pode representar. “Essa é a principal queixa que recebo em meu consultório.”