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O cientista que estuda cientistas

O professor de psicologia Kevin Dunbar queria entender como pesquisadores chegam a conclusões científicas. Passou um ano nos laboratórios da Universidade Stanford, nos EUA. O que ele descobriu? Que cientistas adoram formular teses - mas odeiam quando elas fracassam. E que a ciência ignora descobertas acidentais capazes de revolucionar nosso conhecimento.

Por Da Redação
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 26 ago 2010, 22h00

Eduardo Szklarz

Cientistas iniciam pesquisas com uma tese e depois fazem testes para comprová-la. Qual o problema disso?
O problema é que os cientistas definem um objetivo, e esse objetivo bloqueia a consideração de outras hipóteses. Pelo menos 50% dos dados encontrados em pesquisas são inconsistentes com a tese inicial. Uma proteína que “não deveria” estar lá, por exemplo. Quando isso acontece, os cientistas refazem o experimento mudando detalhes, como a temperatura, esperando que o dado estranho desapareça. Só uma minoria investiga os resultados inesperados.

Por quê?
Se você está comprometido com uma teoria, a tendência é ignorar fatos inconsistentes com ela. Pode ser que você nem repare em um dado inesperado. A explicação para isso está no cérebro. Há informações demais à nossa volta, e o cérebro precisa filtrá-las. Dados “estranhos” nem serão memorizados. Essa é uma das funções de uma região cerebral chamada córtex pré-frontal dorsolateral: suprimir informações indesejadas.

Mas como saber qual dado estranho merece atenção e qual não merece?
O bom cientista sabe que tipo de dados seguir. Ele dirá: “Hum, isso é interessante, vamos por aqui”. Outros cientistas não mudarão de rumo. Experimentos custam tempo e dinheiro, e eles não vão se arriscar em nome de algo que não conhecem. Em geral, cientistas precisam decidir entre fazer os experimentos de baixo risco, que garantem emprego e publicações, e os de alto risco, que provavelmente não vão funcionar, mas podem render descobertas relevantes.

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Então o processo científico é parte do problema?
Sim, ele faz os cientistas se preocupar só em publicar. Assim, 90% dos cientistas apenas mudam uma variável de um velho experimento e o publicam de novo. Alteram detalhes, sem fazer descobertas que realmente contribuam para o conhecimento.

Como fomentar descobertas acidentais?
Com diálogo. Na ciência, o raciocínio é feito em conjunto. É nas conversas que o raciocínio espontâneo ocorre. E isso pode ajudar o cientista a mudar de ideia sobre um resultado. Por isso a diversidade do grupo de cientistas é crucial. É importante ter gente na equipe que tenha vindo de faculdades diferentes, por exemplo. Também é bom ter homens e mulheres no grupo.

Que descoberta o mundo teria perdido não fosse o fracasso de uma tese?
O Viagra. Ele foi inicialmente desenvolvido para problemas do coração. No fim dos testes, a condição cardíaca dos voluntários não melhorou, mas eles não quiseram devolver a droga. Por quê? Os cientistas prestaram atenção no resultado inesperado – e hoje o Viagra é usado globalmente para combater a impotência sexual. Os cientistas, que achavam que o experimento havia falhado, fizeram uma importante descoberta acidental.

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