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O deserto do Atacama

O melhor lugar do hemisfério para a astronomia

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 30 jun 2006, 22h00

Fernanda Nogueira

Nem o rio de janeiro nem as praias do Sudeste Asiático. Em todo o hemisfério sul, o lugar favorito dos astrônomos fica a mais de 2 mil metros de altitude e é um dos lugares mais secos do planeta. Mas, para olhar para o espaço, o deserto do Atacama e seus arredores, no Chile, é que são abençoados por Deus. A paisagem é tão árida que mais parece o solo de Marte. E é tão inabitável que alguns dos observatórios da região são operados a distância. Mas a falta de umidade impede a formação de nuvens, e a altitude favorece o posicionamento dos observatórios. Por tudo isso, estão instalados ali os melhores telescópios do hemisfério. Também fica no Atacama o projeto mais ambicioso da história da observação terrestre do espaço. Quando estiver ins-talado, em 2011, o Atacama Large Millimeter Array terá 64 antenas que, somadas, vão funcionar como um único radiotelescópio gigantesco.

Chajnantor

A região: A 5 mil metros de altitude, é inóspita para humanos. Trabalhadores só vão lá para a manutenção de aparelhos, e mesmo assim só com máscaras de oxigênio. Tem os telescópios mais caros do mundo.

Observatórios: Atacama Pathfinder Experiment (Apex), Cosmic Background Imager (CBI). No futuro, Atacama Large Millimeter Array (Alma) e Alma Compact Array (ACA).

Telescópios: 4 em 2011.

Pampa La Bola

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A região: Está a 4 800 metros. O Aste é operado por controle remoto de outros lugares do Chile e do Japão por conexões de satélite e internet. Mantido por um consórcio de institutos de 4 países, o Nanten2 foi movido de Las Campanas para lá para se beneficiar das melhores condições atmosféricas.

Observatórios: Atacama Submillimeter Telescope Experiment (Aste), Nanten2.

Telescópios: 2.

Paranal

A região: É o maior conjunto de telescópios ópticos do mundo em um único local. Seus 4 maiores espelhos podem trabalhar de forma independente ou combinada. Fica a 2 635 metros de altitude e é controlado por um consórcio europeu. Tem um dos maiores e mais bem equipados prédios da região para acomodar cientistas e visitantes.

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Observatórios: Very Large Telescope (VLT).

Telescópios: 9.

La Silla

A região: Inaugurado em março de 1969, é um dos maiores observatórios do hemisfério sul. Fica a 2 400 metros de altitude e a cerca de 100 quilômetros da cidade de La Serena. O hotel, o restaurante e a biblioteca usados pelos astrônomos foram construídos de forma a não deixar escapar qualquer luz que prejudique a valiosa escuridão do deserto.

Observatórios: Observatório La Silla.

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Telescópios: 6.

Las Campanas

A região: Fica em uma montanha a 2 300 metros do nível do mar e a 150 quilômetros de La Serena. Funcionam lá dois grandes telescópios gêmeos, chamados Magellan, operados pelo Instituto Carnegie, dos EUA. As acomodações para os astrônomos visitantes incluem restaurantes, bibliotecas e lojas.

Observatórios: Telescópios Magellan.

Telescópios: 4.

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Tololo

A região: Fica a 80 quilômetros de La Serena e a 2 200 metros de altitude. Próxima ao oceano Pacífico, beneficia-se das correntes de ar frio, que deixam a atmosfera mais transparente. Foi construído por 45 universidades americanas. Todos os anos, 100 cientistas e estudantes de 50 instituições fazem observações no local.

Observatórios: Observatório Cerro Tololo.

Telescópios: 6.

Pachón

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A região: É uma montanha a 2 500 metros de altitude. O Gemini Sul tem um irmão gêmeo no Havaí, o Gemini Norte. Tanto o Gemini Sul quanto o Soar funcionam por controle remoto. As bases dos observatórios ficam em Tololo, a 10 quilômetros. O Brasil participa da parceria que construiu os projetos.

Observatórios: Projeto Gemini Sul e Southern Astrophysical Research Telescope (Soar).

Telescópios: 2.

Óptico ou rádio?

O telescópio óptico coleta a luz dos objetos do céu e a converte em imagens. A resolução é proporcional ao diâmetro dos espelhos. O radiotelescópio usa antenas parabólicas para captar ondas de rádio do espaço.

Centro de descobertas

Os observatórios do Chile são responsáveis por várias das revelações astronômicas mais importantes dos últimos anos. Em maio, o observatório La Silla anunciou a descoberta de 3 novos planetas em torno de uma estrela parecida com o Sol. Um deles fica dentro da zona habitável do sistema, área onde teoricamente pode haver água em estado líquido. É a primeira vez que um planeta é encontrado dentro dessa zona. Em setembro, uma equipe de brasileiros e americanos fez outro achado. Usando os telescópios Soar e Gemini, eles detectaram o remanescente da explosão cósmica mais distante já vista até hoje. A explosão, chamada GRB 050904, aconteceu a uma distância de 13 bilhões de anos-luz da Terra, numa época em que o Universo só tinha 700 milhões de anos.

US$ 100 mil por dia

Quando ficar pronto, em 2011, o Atacama Large Milimeter Array (Alma) será o maior radiotelescópio do mundo. Combinados, os sinais de suas 64 antenas vão simular um telescópio do tamanho da distância entre elas, que poderá variar entre 150 metros e 14 quilômetros. As antenas serão movimentadas por veículos projetados para carregá-las. O instrumento será auxiliado ainda por um grupo de 16 antenas, chamado Alma Compact Array (ACA). O custo total, US$ 1 bilhão, é bancado por EUA, Canadá, União Européia, Chile, Japão e Taiwan. Cada dia de observações sairá por US$ 100 mil. Atualmente, há 50 astrônomos trabalhando no projeto. No futuro, vão ser 700. “Vamos ver a primeira população de estrelas depois do big-bang”, disse à SAPIENS o diretor de Alma, Massimo Tarenghi.

Serviço

Endereço: Observatório Llano de Chajnantor, deserto do Atacama, Chile. A cidade mais próxima é San Pedro de Atacama.

Site: https://www.alma.info

Visitas: A entrada de turistas em Alma está proibida até o final da construção. No futuro, os visitantes poderão observar as antenas de dentro do centro de operações, que ficará a 2 900 m de altitude no deserto. Lá, haverá um museu com a reconstrução de um antigo rancho de pessoas que viviam na região há 50 anos.

Visitas à antena: É possível ver um protótipo que está sendo testado no Very Large Array (VLA), no Novo México, EUA. Informações no site https://www.vla.nrao.edu/genpub/tours/.

Tel.: +1 505 835 7243.

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