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O permafrost do Ártico é agora uma fonte de importantes gases de efeito estufa

Pesquisadores descobriram que entre 2000 e 2020, o permafrost no Ártico emitiu cerca de 144 milhões de toneladas de carbono, além de aproximadamente 3 milhões de toneladas por ano de óxido nitroso.

Por Caio César Pereira
20 abr 2024, 14h00

As mudanças climáticas afetam diretamente cada vez mais aspectos do ecossistema e do clima no mundo inteiro. Mas, além da poluição na atmosfera estar afetando até o acasalamento de insetos, as mudanças nas temperaturas também estão atingindo o permafrost no Ártico – e que podem ser uma grande bomba de gases de efeito estufa.

O permafrost, nada mais é do que uma grande camada de solo congelado, presente principalmente em regiões onde o clima é frio, como no Ártico, Rússia e Canadá. O problema é que esse solo congelado preserva uma grande quantidade de coisas, indo desde seres vivos, como o resto de mamutes, e outros microorganismos, como vírus e bactérias.

Essas regiões também abrigam uma grande quantidade de gases de efeito estufa, como CO2 (dióxido de carbono). Esse gás se encontra presente na matéria orgânica que está congelada, e vão sendo liberados na atmosfera conforme as camadas de gelo vão derretendo. 

No hemisfério norte, o permafrost (que está sob 15% de todo o território e que contém o dobro de carbono da atmosfera), encolheu em área em cerca de 7% nos últimos 50 anos. E mesmo que as medidas de mitigação para frear as mudanças climáticas sejam adotadas,  pesquisas recentes mostram que o descongelamento pode até diminuir, mas mesmo assim não irá parar.

Os pesquisadores não tinham certeza se a região do permafrost já havia se tornado um emissor líquido de gases de efeito estufa. Isso porque, o crescimento vegetal no verão estava conseguindo absorver o CO2 que estava sendo emitido.

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No novo estudo, publicado na Advancing Earth and Space Sciences, pesquisadores conseguiram descobrir que entre 2000 e 2020,  o permafrost no Ártico emitiu 144 milhões de toneladas de carbono. Mas não só isso. O permafrost descongelado também emitiu nitrogênio na forma de óxido nitroso (aproximadamente 3 milhões de toneladas por ano), um potente gás de efeito estufa.

Justine Ramage, pesquisador do Centro Bolin para Pesquisa Climática, da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e um dos autores do estudo, explica a emissão dos gases do permafrost através da atividade microbiana.

“Você coloca algum alimento congelado em um freezer, está tudo bem. Assim que você tira, começa a apodrecer muito rápido. A atividade microbiana começa a aumentar, e quando não é positiva para o clima, terá um forte impacto”, disse em entrevista à New Scientist.

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Isso porque, ao ser descongelada, as bactérias presentes no permafrost, decompõem rapidamente a matéria orgânica presente ali, aumentando ainda mais a emissão dos gases.

 

 

Os pesquisadores realizaram a pesquisa compilando dados de observações de emissões no nível do solo de 200 locais em toda a região da Escandinávia, Rússia, Alasca e Canadá. 

Em várias pesquisas sobre o assunto, os cientistas costumavam encontrar intervalos no período de descongelamento. Parte desses intervalos são em decorrência do descongelamento não ser uniforme em todos os locais. No Ártico, por exemplo, a presença de muitas áreas remotas dificultam o estudo.

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Além disso, os pesquisadores também relatam a presença do fenômeno chamado descongelamento abrupto. Esse tipo de descongelamento é quando acontecem colapsos e deslizamentos de terra, e que também costumam ser difíceis de quantificar.

A pesquisa recente mostrou que  só o descongelamento abrupto liberava cerca de 31 milhões de toneladas de CO2 e 31 milhões de toneladas de metano por ano. Mas por medo de contagem dupla, esses números não foram inseridos na estimativa final, de forma que a quantidade total de carbono emitido pode ter sido subestimada.

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