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O que é um “ciclone bomba”, como o que causou 10 mortes no sul do Brasil

Ele pode atingir uma velocidade superior a 100 km/h e causar ressacas nas zonas litorâneas. Entenda como o ciclone se forma.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 1 jul 2020, 18h45 - Publicado em 1 jul 2020, 16h43

Na terça-feira (30), um ciclone extratropical atingiu a região sul do Brasil. O fenômeno totalizou dez mortes e deixou partes do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná sem energia elétrica. São Paulo e Rio de Janeiro foram tangenciados pelo ciclone e tiveram alguns reflexos, mas de forma leve. Veja abaixo imagens do fenômeno:

Como o próprio nome já diz, o ciclone extratropical se forma fora das regiões tropicais do globo. Não é a primeira vez que um ciclone desse tipo atinge o país. Na verdade, sua chegada é até comum no outono e inverno. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) explicou à BBC Brasil que, há um mês, outro ciclone também atingiu o Rio Grande do Sul, mas não de forma direta como ocorreu dessa vez. Os ventos foram mais fracos, como os ocorridos agora em São Paulo e Rio de Janeiro.

Na América do Sul, os ciclones extratropicais costumam ter origem no oceano, perto do litoral da Argentina e do Uruguai. O episódio observado ontem teve início próximo ao Paraguai e seguiu pela costa sul brasileira. Agora, o ciclone deve continuar sua trajetória até perder força e se dissipar no oceano. 

O ciclone ocorre quando há o encontro de um centro de baixa pressão com outro de alta pressão. Funciona assim: primeiro, a temperatura do mar supera os 27 ºC. Devido a essa temperatura, a água começa a evaporar, o que gera umidade e colabora para a formação de nuvens. Temos aí um centro de baixa pressão. Ao chegar lá em cima, esse ar que evapora se depara com um vento seco, sem umidade, aquilo que chamamos de frente fria. Essa representa um centro de alta pressão, que resfria o ar e joga-o novamente para baixo.

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Então, o ar fica preso em um grande vai e vem: esquenta e sobe, esfria e desce. Esse movimento repetitivo, chamado de convecção, acaba gerando uma queda da pressão atmosférica no centro do sistema. Normalmente, a pressão de um ciclone costume se manter entre 980 e 1005 hPa (sigla para hectopascais, unidade usada para medir a pressão no centro do ciclone). 

A meteorologista Doris Palma explicou, ao site Tempo Agora, que “um ciclone bomba nada mais é do que uma área de baixa pressão, que apresenta uma queda rápida na pressão atmosférica, de 24 hPa ou mais, em um período de 24 horas”. Ou seja, a queda de um hectopascal por hora é o que diferencia o ciclone bomba de outros ciclones comuns.

Pode parecer um número pequeno, mas quanto menor a pressão, maior a força do ciclone. Quando a pressão cai abaixo de 980 hPa, o ciclone pode ter intensidade semelhante a de um furacão. Foi o que aconteceu em 1919, no Canadá, quando um ciclone chegou a 928 hPa – e foi tão forte quanto um furacão da categoria 4 na escala de Saffir-Simpson.

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O fenômeno é comumente relacionado a grandes tempestades, ventanias e ressacas marítimas. Essas ressacas caracterizam o movimento anormal das ondas em conjunto ao aumento do nível do mar. No sul do Brasil, os ventos chegaram a atingir a velocidade de 120 km/h, derrubando árvores e arrancando telhados de casas e estabelecimentos.

Na quarta-feira (1) pela madrugada, o ciclone tangenciou São Paulo e Rio de Janeiro, mas os ventos nessa região mantiveram a marca de 80 km/h. Até o meio da tarde, Rio Grande do Sul e Santa Catarina devem seguir com ventos acima dos 100 km/h em algumas áreas, mas com pouca ou nenhuma chuva. 

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