Cris Siqueira
Imagem: Getty
“Eu quero ser cientista!” Quantas vezes pais e mestres já não ouviram essa frase dos pimpolhos mais estudiosos? Com sonhos de glamour, esses pequenos cientistas muitas vezes imaginam que a vida nos laboratórios é uma diversão sem fim: misturar líquidos coloridos e borbulhantes, descobrir a existência de insetos fantásticos, inventar novos sabores de sorvete.
Nada disso. A ciência feita no dia-a-dia é muitas vezes um tédio. Veja o caso da bióloga paulistana Luisa Hiller, que trabalha num imponente laboratório de microbiologia celular em Chicago. Sua primeira função foi localizar proteínas num glóbulo vermelho. Achar até que foi fácil. Duro mesmo foi repetir o procedimento por três meses para que o resultado fosse aceito cientificamente.
“É extremamente tedioso e até frustrante”, diz ela. “E nem dá para torcer para que mude alguma coisa. Porque, se mudar, ou você errou ou a teoria tem furo.” Mas, a julgar por alguns de seus colegas cientistas, Luisa até que se deu bem. Confira abaixo alguns empregos científicos bem piores, listados pela revista Popular Science.
Conheça os piores empregos da ciência
De masturbador de animais a cheirador de puns, há trabalho para todos os gostos
1. ZELADOR INTERPLANETÁRIO
Trabalho: evitar contaminação biológica da Terra por objetos vindos de outros planetas – e de outros planetas por objetos daqui
Procedimento: entre outras coisas, manter pedras de Marte em quarentena e ferver todos os instrumentos que deixarão o planeta em temperaturas de até 111 °C
Resultado: impede-se que a humanidade seja aniquilada por terríveis pragas alienígenas
2. COBAIA ILADA
Trabalho: reproduzir as condições de uma viagem espacial de longa duração em uma câmara de isolamento. Função realizada por engenheiros da Nasa, sem remuneração alguma, mas que pega bem no currículo de candidatos a astronauta
Procedimento: ficar até 91 dias dentro da câmara de isolamento com colegas
Resultado: é um ótimo teste para os equipamentos de naves espaciais e, principalmente, para os limites humanos. Os recentes incidentes incluem uma briga sangrenta e uma tentativa de estupro
3. JANTAR DE MOSQUITO
Trabalho: estudar os hábitos e preferências alimentares do mosquito da malária
Procedimento: sentar-se dentro de um mosquiteiro gigante no meio da selva para atrair insetos sedentos de sangue. E, claro, servir de refeição a eles
Resultado: 3 mil mordidas, numa média de 17 por minuto, coleta de até 500 espécimes em três horas e grande risco de contrair malária
4. ASSASSINO DE SAPO
Trabalho: verificar reflexos post-mortem em sapos
Procedimento: no começo de sua carreira em Harvard, Thomas Eisner instruía seus estudantes a assassinar sapos enfiando agulhas no cérebro. Em seguida, o professor aloprado ensinava a jogar ácido sobre a pele dos animais
Resultado: o bicho morto começa a se coçar. É a prova de que os reflexos persistem após a morte
5. EXPERT EM DISENTERIA
Trabalho: analisar fezes infectadas pelo micróbio da disenteria
Procedimento: microscópios e um belo par de narinas
Resultado: após centenas de amostras, os cientistas Tracy Wilkins e David Lyerly abriram uma fábrica de kits de coleta de fezes; hoje empregam 40 pessoas
6. OPERADOR DE FÍSTULA
Trabalho: alimentar o gado por um buraco (a fístula) no rúmen, espécie de pré-estômago dos ruminantes
Procedimento: é só destampar e enfiar a mão para botar a comida lá dentro ou “sentir” a movimentação
Resultado: estudo do funcionamento dos órgãos digestivos dos bovinos
7. ECOLOGISTA DE ESPÉCIES EM EXTINÇÃO
Trabalho: procurar os últimos animais de espécies em extinção
Procedimento: capturar vivos alguns espécimes que ninguém vê há anos para tentar promover reprodução em cativeiro
Resultado: nulo, na maior parte das vezes. Mas como é mesmo aquele velho ditado? A esperança é a última que morre
8. MASTURBADOR DE ANIMAIS
Trabalho: recolher o esperma de animais, principalmente porcos
Procedimento: estimular manualmente o órgão sexual do animal até provocar a ejaculação
Resultado: obtenção de amostra para estudo ou inseminação artificial
9. COZINHEIRA DE CARCAÇA
Trabalho: preparar espécimes para exposição em museus de história natural
Procedimento: “limpar” carcaças em decomposição. A atividade inclui a fervura de partes do animal e taxidermia (rechear a pele para reproduzir o volume dos órgãos internos)
Resultado: efeitos colaterais diversos. A arqueóloga Sandra Olsen pegou uma infecção no pulmão ao ferver uma pata de hiena
10. JUIZ DE PEIDO
Trabalho: avaliar 100 amostras de gases intestinais provenientes de 16 voluntários
Procedimento: as flatulências são coletados em tubos de ensaio, injetadas em recipientes herméticos e cuidadosamente cheiradas
Resultado: após julgar 100 traques, o gastroenterologista americano Michael Levitt descobriu que o componente mais malcheiroso dos puns é o sulfureto de hidrogênio, resultado de muito ovo, repolho e feijão
11. FAXINEIRO DE MICRÓBIOS ASSASSINOS
Trabalho: cuidar de um laboratório de quarentena, onde são estudadas patologias mortais de contágio pelo ar e sem cura conhecida, como o Ebola ou o anthrax, por exemplo
Procedimento: fazer a limpeza geral, consertar equipamentos, verificar se o ambiente permanece hermético e trocar filtros de ar saturados de microorganismos assassinos
Resultado: nenhum, se fizer o trabalho direitinho