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Ovos dos primeiros dinos não eram rígidos: tinham textura de couro

Fósseis distantes entre si – um na Argentina, outro na Mongólia – permitiram concluir que a casca mole era comum nos répteis do Triássico.

Por Carolina Fioratti
19 jun 2020, 19h36

Os ovos dos primeiros dinossauros – que viveram no período Triássico, mais de 200 milhões de anos atrás – não tinham a casca calcária rígida característica dos ovos das aves, que são seus parentes mais próximos ainda existentes. Uma pesquisa realizada pelo Museu Americano de História Natural em conjunto com a Universidade de Yale mostrou que, no início de sua trajetória evolutiva, esses répteis punham ovos macios como os de tartarugas, com uma textura similar à do couro. 

Os paleontólogos já suspeitavam há algum tempo que alguns grupos de dinossauros não botavam ovos tão resistentes. Isso porque, de 20 anos para cá, foram encontrados ovos em todo mundo, mas a maioria deles eram de terópodes, hadrossauros e saurópodes. Havia muitos grupos, como os ceratopsianos, cujos ovos simplesmente não estavam representados no registro fóssil.

A resposta é que os ovos dos ceratopsianos eram moles, o que facilitava sua decomposição. Assim, ficaram poucos para contar história. Por sorte, alguns exemplares de embriões fossilizados foram encontrados na Argentina e na Mongólia – e proteínas presentes em uma película que envolvia esses bebês de dinossauro permitiram concluir que eles cresciam em invólucros flexíveis em vez da casca calcária. 

O fóssil encontrado na Patagônia (Argentina) pertencia ao gênero dos mussauros, que eram dinossauros herbívoros de seis metros de comprimento – antepassados dos saurópodes pescoçudos e pesados que viriam depois. Esse ovo mole tinha 13 cm de comprimento e formato esférico, e o bebê que estava dentro dele foi concebido há 200 milhões de anos, mas nunca chegou a nascer. 

Já o filhote encontrado no Deserto de Gobi (Mongólia) pertencia ao gênero dos protoceratops. Eles também eram herbívoros; os adultos tinham o tamanho de uma ovelha contemporânea. O ovo, com 75 milhões de anos, era mais alongado, e tinha 10 centímetros.

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A distância temporal entre os dois fósseis – um pertence ao início da era dos dinossauros, outro ao final – sinaliza que os ovos moles não foram uma exceção, e sim uma característica importante de vários grupos. É provável que todos os dinos, originalmente, tivessem ovos moles, e só alguns tenham evoluído a casca calcária com o passar dos anos. 

Os ovos eram semelhantes aos das tartarugas nos quesitos microestrutura, composição e propriedades mecânicas. Eles obviamente estavam rígidos quando foram encontrados, porque a casca precisa passar por um processo de mineralização para se tornar um fóssil e chegar até nós milhões de anos depois. Os paleontólogos sabem distinguir quando a casca era rígida de antemão e quando ela enrijeceu em virtude do processo de fossilização. 

Outra coisa que impressiona é a distância geográfica entre os ovos (lembre-se, Argentina e Mongólia). Isso mostra que o fenômeno não foi restrito a uma região – várias outras linhagens de dinossauros espalhadas pelo mundo ter botado ovos moles. Além disso, os cientistas defendem que os ovos do ancestral comum entre mamíferos e répteis botava ovos de casca mole. A casca dura das aves só veio depois, como uma estratégia óbvia para colaborar com a sobrevivência dos bebês. 

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