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Pessoas se lembram mais daquilo que escutam com o ouvido direito

Em certos casos, a diferença no total de informação captado chegou a 40%. Tudo culpa da forma como o som caminha pelo cérebro

Por Guilherme Eler
11 dez 2017, 19h14

O que você faz quando está no meio da muvuca e precisa ouvir outra pessoa? Pedir para ela aumentar o tom, chegar mais perto por conta própria ou até mesmo fechar os olhos para minimizar as distrações são opções possíveis. Mas, caso nenhuma delas dê jeito, uma boa estratégia pode ser mudar de lado. De acordo com um novo estudo, estar com a orelha direita na mira do som pode ajudar você a ignorar outros barulhos – captando melhor o conteúdo da mensagem.

Pesquisas anteriores já haviam cantado essa bola. Neste estudo, de 1973, por exemplo, crianças entre 5 e 13 anos já se mostraram ‘destras de ouvido’ e este outro, feito no ano seguinte, mostrou que dificuldades de escutar favorecem o desempenho do lado direito. O que não se sabia, no entanto, era se esse comportamento era mantido até a fase adulta. Pesquisadores da Universidade Auburn, nos Estados Unidos, conseguiram confirmar que sim ao analisar 41 pessoas – dessa vez, com idade entre 19 e 28 anos.

As cobaias participaram de testes em que tinham de se concentrar em uma lista de palavras, que ouviam com a ajuda de um fone de ouvido. O problema é que cada ouvido recebia um conteúdo diferente do outro; podia ser uma única palavra, frase, ou número. Além disso, o jogo da memória ficava mais difícil a cada etapa, já que um novo item sempre era adicionado à sequência.

Terminada essa parte, das duas uma: ou pedia-se que os voluntários repetissem o que ouviram em um dos ouvidos – ignorando todo o resto – ou então, que eles tentassem dizer tudo o que haviam escutado dos dois lados. Os resultados do experimento deram a lógica: quanto mais coisas as cobaias precisavam gravar, mais elas se atrapalharam. O curioso é que performance de cada ouvido, por causa disso, também era diferente.

Quando o ditado tinha até 6 palavras, tanto o lado esquerdo quanto o direito funcionava de forma parecida. Mas era só aumentar a quantidade de informação para causar a discrepância: quem focava naquilo que ouvia do lado direito gravava 8% mais conteúdo. E para alguns voluntários, a preferência destra ficou ainda mais na cara. A diferença entre as palavras absorvidas pela esquerda e pela direita chegou à casa dos 40%.

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De acordo com o estudo, isso ocorre por causa do caminho que cada som faz dentro de nossa cabeça. Ao entrar pelo lado direito, um estímulo sonoro é processado primeiro pela parte esquerda do cérebro, região ligada à fala, desenvolvimento da linguagem, e também pela memória. Virar para a direita, assim, permite que uma quantidade maior de informação atravesse uma maior região do cérebro, sendo, assim, considerada por mais tempo e melhor interpretada.

“Habilidades cognitivas, é claro, tendem a diminuir com a idade, ou na presença de uma doença ou trauma. Portanto, precisamos entender melhor o impacto dessas demandas cognitivas no ato de escutar”, explicou a coautora do estudo, Aurora Weaver, em comunicado. “Quanto mais entendermos sobre nossa capacidade de audição em diferentes ambientes, melhor serão as ferramentas de diagnóstico e mais potentes serão os aparelhos auditivos, por exemplo”, completa a outra autora, Danielle Sacchinelli.

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