Por que cucos põem ovos de diferentes cores e tamanhos?
Acredite, tem até ovos azuis. A natureza é complexa: eles são assim para garantir a sobrevivência da espécie. Entenda como.
Você já viu um ovo de cuco? Mesmo se tivesse visto, seria bem difícil reconhecer só pela aparência: eles podem ser grandes, pequenos, médios, azuis, marrons, verdes, com pintinhas e de várias outras formas e cores. O cuco, ou cuco-canoro (Cuculus canorus), é um pássaro parasita. Nesse caso, ser parasita significa que a espécie não constroi o próprio ninho para colocar seus ovos. Ela usa o de outros pássaros.
A fêmea cuco procura uma hospedeira ideal, espera até que ela se afaste do ninho, tira um dos ovos e coloca um dos seus. E aí, quando o bebê cuco nasce, ele joga todos os outros passarinhos recém-nascidos para fora do ninho, tudo para não ter que competir pela atenção da “mãe adotiva”. Parece até roteiro de um filme sinistro, mas é só a natureza. Para não ser enganada, a fêmea hospedeira desenvolveu uma técnica: ela se livra de todos os ovos que não se parecem com os dela. Assim, as cucos precisam produzir ovos que sejam idênticos aos da outra ave; por isso eles vêm em formatos tão variados. É claro que tudo isso não aconteceu do dia para a noite. A seleção natural atuou nesse processo durante milhares de anos para ele ser como é hoje.
Cada cuco é especializada em um tipo de ovo que imita o de outra espécie. Ou seja: elas não podem simplesmente produzir um ovo branco com bolinhas vermelhas só porque deu na telha. Essa especialização, possivelmente, é herdada somente das mães. Um grupo de pesquisa da Universidade da Noruega, em um novo estudo, concluiu que, pelo menos com os ovos azuis, é assim que funciona.
Eles ainda não sabem se todos os padrões e formas estão relacionados somente aos genes maternos, mas uma pista pode indicar que é isso mesmo. Os machos cucos podem cruzar com diversas fêmeas que produzem ovos de variados modelos. Se ele interferir na produção, os ovos podem sair com uma cor intermediária, que não combina com a de nenhuma hospedeira. As fêmeas também podem cruzar com vários machos, mas, se eles não alterarem nada, fica tudo certo.