Texto Claudia Carmello
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice razoável de cesáreas é de 15% dos nascimentos, mas 43% dos brasileiros vêm ao mundo por esse método (80% na rede particular). Há consenso de que o parto normal é menos arriscado para a mãe e o bebê do que uma cesárea, recomendada só quando há complicações. Palavra do Ministério da Saúde e até da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
O “ouro” do Brasil é responsabilidade de médicos, gestantes e do sistema hospitalar. Para o obstetra Carlos Eduardo Czeresnia, do Hospital Albert Einstein, médicos indicam a cirurgia por medo de processos: a cesárea tornaria o obstetra mais defensável se algo desse errado, por ele se ater a rígidos procedimentos operatórios. “Por isso, o médico começa a criar medos na cabeça da gestante, dá razões esdrúxulas pra fazer uma cesárea”, afirma.
Além disso, é mais prático para ambas as partes fazer uma cirurgia de uma hora do que dedicar 12 horas a um trabalho de parto – pelo qual, aliás, o médico recebe menos –, cancelando um dia inteiro de consultas. Por fim, muitas gestantes vêem na cirurgia menos dor e mais segurança.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até criou novas normas para as maternidades, visando diminuir as cesáreas desnecessárias. Infelizmente, o buraco é mais embaixo.
O direito de nascer direito
O índice de cesarianas no Brasil é 3 vezes maior que o recomendado
Brasil – geral 43%
Brasil – rede pública 29%
Brasil – rede particular 80%
Indicado pela OMS 15%
Holanda 10%