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Por que odiamos o som de unha arranhando um quadro negro?

Deu aflição só de pensar.

Por Maria Clara Rossini
25 nov 2024, 14h00

Poucos sons são tão universalmente odiados quanto o barulho de arranhar um quadro negro com as unhas. Caso você só tenha estudado com lousas brancas e canetas piloto, aqui vai um gostinho de um dos sons mais infernais de todos (considere-se avisado).

A repulsa e arrepio que sentimos ao ouvir o barulho tem explicação científica. No geral, a frequência desse som é semelhante ao choro de um bebê e ao grito humano – duas situações que nos deixam alerta.

Um estudo conduzido em 2011 pediu que 24 participantes avaliassem diversos sons considerados desagradáveis, como o barulho do garfo raspando um prato ou pedaços de isopor se esfregando. Apesar da competição acirrada, o som de unhas arranhando um quadro negro foi eleito um dos mais detestáveis.

Os pesquisadores então criaram variações desse som, mudando frequências para identificar o que realmente irritava as pessoas. Segundo um dos autores do estudo, Michael Oehler, as frequências mais incômodas estão entre 2.000 e 4.000 Hertz. Os voluntários exibiram indicadores claros de estresse quando ouviram sons nesse intervalo, inclusive mudanças na condutividade elétrica da pele.

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Ao retirar sons nesse intervalo, o barulho ficou mais suportável para os participantes. Oehler sugere que o formato da orelha humana tenha evoluído para amplificar essas frequências, que são importantes para a sobrevivência e comunicação.

Um outro estudo, publicado em 2012, sugere que o som da unha arranhando o quadro estimula uma comunicação entre duas partes do cérebro: o córtex auditivo, que processa sons; e a amídala, que processa emoções negativas.

Nesse experimento, 13 participantes passaram por um exame de ressonância magnética (fMRI) enquanto ouviam alguns sons – dentre eles, o da unha arranhando. Quanto maior a aversão ao som, maior era a conexão entre as duas regiões do cérebro. As frequências mais desagradáveis ficaram entre 2.000 e 5.000 Hertz – quase o mesmo que o estudo anterior.

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Embora a razão para essa sensibilidade não seja (totalmente) compreendida, essas frequências incluem o grito e choro humano – algo que evoluiu para nos incomodar. A agonia é justificada.

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