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Qual é a diferença entre germe, micróbio, bactéria, bacilo e vírus?

A humanidade passou a maior parte de sua história sem fazer ideia de que esses seres existiam

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 abr 2020, 17h29 - Publicado em 31 jan 2003, 22h00

Todos são micro-organismos: seres invisíveis a olho nu também chamados genericamente de micróbios ou germes. Os dois termos são do século 19, quando a tecnologia disponível ainda não permitia diferenciar um micro-organismo de outro. A humanidade, aliás, passou a maior parte de sua história sem fazer idéia de que esses seres existiam.

Apenas no século 17, quando foi aperfeiçoado o microscópio, a ciência pôde finalmente observar criaturas unicelulares em ação – mas só as maiorzinhas, hoje chamadas de protozoários.

No final do século 20, quando se tornou possível examinar o material genético dos micróbios, descobriu-se que há maior variedade entre eles do que entre animais e plantas.

Os microbiologistas confessam ser incalculável o número total de espécies somando bactérias, protozoários e vírus aos tipos também microscópicos de fungos e algas. Com essa diversidade toda, os micro-organismos foram os únicos seres que se adaptaram a todos os lugares do planeta: estão no ar, no fundo do mar, no subsolo – e dentro de nós. “Existem mais células de bactérias no nosso corpo do que células humanas”, diz o microbiologista Jacyr Pasternak, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Geralmente, esses parasitas se aproveitam dos nutrientes de nosso organismo sem causar problemas – e alguns até fazem bem, como certos lactobacilos que evitam infecções. Mas não faltam bactérias altamente perigosas. A Yersinia pestis, por exemplo, causou a famosa peste negra, que matou um terço da Europa entre 1347 e 1351, sem que se soubesse a causa da doença. Ela só pôde ser descoberta no final do século 19, quando o químico francês Louis Pasteur (1822-1895) demonstrou que as bactérias (qualquer micro-organismo unicelular desprovido de núcleo), com sua grande capacidade de contágio, eram as verdadeiras responsáveis por várias doenças. Mas Pasteur também constatou que existiam micro-organismos benéficos para a humanidade, ao observar que certos fungos microscópicos, as leveduras, eram responsáveis pela fermentação – ou seja, sem elas não haveria pão, queijo, vinho ou cerveja.

Tão importante quanto o célebre cientista francês foi seu contemporâneo Robert Koch (1843-1910), médico alemão que demonstrou como bactérias específicas causavam doenças igualmente distintas. Em apenas duas décadas (entre 1880 e 1900), o trabalho de Pasteur e Koch lançou as bases de uma nova ciência: a microbiologia, que, ao longo do século do 20, não pararia de revelar criaturas cada vez mais pequeninas. Não demorou para descobrirem que até as bactérias eram infectadas por seres ainda menores: os vírus.

Por fim, a microbiologia se expandiu além da medicina, revelando que algas do tamanho de bactérias produzem de 30% a 50% do oxigênio que respiramos. “Sem elas, a atmosfera, como a conhecemos, não existiria”, afirma o microbiologista Gabriel Padilla, da Universidade de São Paulo (USP).

Os donos do mundo

VÍRUS
Dez mil vezes menores que as bactérias, eles não passam de material genético com uma capa de proteína. Alguns cientistas nem os consideram seres vivos, porque não têm metabolismo próprio: usam as células dos organismos que invadem para se reproduzir. Só o vírus da aids matou 25 milhões de pessoas entre 1983 e 2003 – enquanto o da gripe espanhola eliminou o mesmo número em apenas dois anos (1918-1919). Aliás, os vírus da gripe, como o Influenza, são extremamente difíceis de controlar, por estarem constantemente em mutação.

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H1N1 Influenza (Reprodução/Wikimedia Commons)

PROTOZOÁRIOS
São unicelulares como as bactérias, mas possuem (assim como as células de plantas e animais) organelas, que ajudam a processar nutrientes e gerar energia, como minúsculos pulmões, estômagos e outros órgãos). Existem protozoários visíveis, de até 2 milímetros. Outros são mil vezes menores. O maior assassino entre micro-organismos é um protozoário: o Plasmodium falciparum. Ele causa a malária, que mata 2 milhões de pessoas por ano.

Plasmodium falciparum (Reprodução/Wikimedia Commons)

BACTÉRIAS
Seres unicelulares que não possuem sequer um núcleo separado por membrana. Depois dos vírus, são as criaturas mais simples que existem, medindo entre 0,5 e cinco milésimos de milímetro. Foram a primeira forma de vida a surgir na Terra, há 3 bilhões de anos. Com tanto tempo de vida, tornaram-se bem resistentes e algumas são inimigas temíveis, como a Neisseria gonorrhoeae, que, sexualmente transmissível, causa a gonorreia. Por outro lado, são as grandes faxineiras do planeta, decompondo plantas e animais mortos.

Neisseria gonorrhoeae (NIAID/Wikimedia Commons)

BACILOS
Esse é o nome dado às bactérias em forma de bastão – enquanto as esféricas são chamadas de cocos e as curvas, de vibriões. Os bacilos ficaram mais famosos por causarem doenças como a tuberculose – cujo agente, Mycobacterium tuberculosis, é mais conhecido como Bacilo de Koch. Há poucos anos, o Bacillus anthracis, que transmite a letal infecção antraz, ganhou notoriedade como arma bacteriológica na mão de terroristas. Mesmo assim, a grande maioria dos bacilos, como dos outros tipos de bactéria, não é nociva.

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Bacillus anthracis (CDC/Wikimedia Commons)

FUNGOS
A variedade é enorme. Alguns fungos, como os cogumelos, são bem desenvolvidos, mas os que interessam aqui são unicelulares e contêm organelas, como os protozoários. Entre os mais chegados ao ser humano está o Candida albicans, que causa micoses. Já o Penicillium roqueforti serve para fabricar queijos como gorgonzola e, claro, roquefort. Com outro fungo do gênero Penicillium, o notatum, faz-se a penicilina, um os antibióticos que mais salvam vidas.

Candida albicans (GrahamColm/Wikimedia Commons)
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