Rinoceronte peludo de 32 mil anos é encontrado no permafrost russo
A múmia de um rinoceronte peludo que morreu aos quatro anos ajudou cientistas a descobrirem como os pelos deles mudavam com a idade.
O permafrost é um tipo de solo permanentemente congelado, que é encontrado especialmente no hemisfério norte. Esse gelo ajudou a conservar um achado paleontológico na Rússia: um rinoceronte peludo, com pele e pelos intactos, que viveu há cerca de 32 mil anos.
É difícil achar fósseis de animais do último período glacial (de 110 mil a 10 mil anos atrás) que não sejam só ossos ou dentes. Esse exemplar de um Coelodonta antiquitatis é uma rara ocorrência de uma múmia completa, com pele e pelos, que provavelmente teve contato com seres humanos.
O rinoceronte peludo provavelmente morreu quando tinha quatro anos, e passou 30 mil anos conservado até ser descoberto recentemente, em agosto de 2020, nas margens do rio Tirekhtyakh.
As descobertas dos cientistas sobre o rinoceronte peludo foram publicadas na revista Doklady Earth Sciences. Ele tinha uma corcunda de gordura nas costas, com até 13 centímetros de altura, e seu pelo mudava de cor com o avanço da idade.
Pelos que mudam de cor
O rinoceronte peludo vivia no leste da Sibéria. Há mais de 30 mil anos, ele era um dos maiores herbívoros naquele ecossistema, só atrás do mamute-lanoso, com quem dividia os pastos da região.
Da mesma forma que os rinocerontes modernos, o Coelodonta antiquitatis tinha dois chifres, um maior que o outro. Em contraste com as formas mais arredondadas dos animais contemporâneos, o maior chifre do rinoceronte peludo tinha formato de lâmina.
Os pesquisadores descongelaram a múmia temporariamente para pegar amostras da pele, do pelo e da corcunda. O lado direito do animal estava muito bem preservado, mas o lado esquerdo estava muito destruído, com órgãos internos expostos e sem a maior parte dos intestinos. A conclusão do estudo foi que o rinoceronte peludo provavelmente foi comido por predadores.
A corcunda do animal é uma característica comum de animais do Ártico, que guardam uma reserva de gordura para armazenar energia para o inverno, quando ela será convertida em calor.
O pelo do espécime em questão era fino, num tom claro de marrom, com uma camada ainda mais clara e macia debaixo dele. Comparando com outros espécimes de Coelodonta antiquitatis, os pesquisadores chegaram à conclusão de que os rinocerontes mais jovens tinham a pelagem quase loira. Com a idade, os pelos iam ficando mais escuros e grossos.