Os irrequietos hamsters poderão ajudar a explicar por que algumas pessoas dormem mais do que outras ou são mais ativas em diferentes horas do dia. É que dois cientistas da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, conseguiram criar famílias de hamsters com relógios biológicos diferentes, ou seja, ciclos de sono e vigília modificados. Em vez de recomeçar suas atividades a cada 24 horas, os hamsters mutantes têm ciclos de 20 horas. Os pesquisadores descobriram que do cruzamento desses animais nascem ninhadas que também obedecem a dias e noites de 20 horas. Já cruzamentos híbridos, de um hamster modificado com outro nor mal, apresentaram ninhadas com ciclos intermediários de 22 horas.
O experimento confirma que o organismo dos animais funciona de acordo com um ritmo – e, mais importante ainda, que esse ritmo tem uma base genética. Outra equipe de pesquisadores americanos até já conseguiu localizar, na pequena mosca-das-frutas, um gene que parece controlar não só a duração dos ciclos circadianos, como são chamados os ciclos biológicos, mas também a proporção de atividade e repouso existente neles. Presume-se que esse gene, na verdade, controlaria a síntese de proteínas nas moscas e que a síntese, por sua vez, governaria o relógio biológico. Se isso valer também para os humanos, os dorminhocos poderão culpar os genes por seus atrasos.