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Rosto humano foi moldado de acordo com nossas necessidades sociais, diz estudo

O Homo sapiens tem uma aparência bem mais simpática e expressiva quando comparada a de seus ancestrais - e isso foi determinante para nossa sobrevivência

Por Maria Clara Rossini
15 abr 2019, 18h04

Sabe quando você dá uma piscadinha para outra pessoa na balada? Ou quando olha para seu melhor amigo e sabe exatamente o que ele está pensando? Não é necessário usar palavras para entender esses sinais; apenas expressões faciais.

Podemos agradecer à seleção natural por essa habilidade. Um estudo publicado na Nature Ecology and Evolution indica que nosso rosto foi sendo moldado ao longo de milhões de anos para atender a necessidade humana por interação social.

O crânio humano atual se diferencia muito de nossos ancestrais e de outras espécies de primatas. Os australopithecus, nossos tataravós de mais de três milhões de anos atrás, possuíam um crânio menor e mandíbula mais forte.

Isso foi mudando ao longo do tempo. A revolução agrária e consequente mudança na dieta humana foi determinante para a diminuição da mandíbula. Não precisamos mais de uma dentada forte para rasgar carne crua ou mastigar vegetais duros. Assim, evoluímos para um rosto menos bruto. Já sabíamos que as adaptações faciais nos ajudaram a lidar melhor com condições fisiológicas, biomecânicas e climáticas. E agora, segundo o estudo, também sociais.

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Segundo os pesquisadores, a habilidade de usar a face e gestos para a comunicação não-verbal também ajudou o Homo sapiens a sobreviver. Imagine como era útil, durante uma caça, olhar para o companheiro, indicar que um predador está próximo e que deveriam se afastar, tudo isso sem fazer barulho.

Hoje, o ser humano é capaz de expressar 20 categorias diferentes de emoções graças ao posicionamento de nossos ossos e músculos faciais. De acordo com  Paul O’Higgins, professor da Universidade de York e participante da pesquisa, é pouco provável que os primeiros ancestrais humanos tivessem a mesma composição muscular que nós. Aparentemente, os australopithecus teriam grandes dificuldades na hora de flertar.

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Um grande exemplo são os músculos das sobrancelhas. Eles costumavam ser bem maiores e mais protuberantes em outras espécies de hominídeos. O Homo sapiens desenvolveu uma testa mais lisa e sobrancelhas mais sutis que permitiram maiores detalhes na expressão.

Em outros primatas, a sobrancelha grande facilita expressões que comunicam força e dominação. A versão mais suave dos humanos mostra a necessidade da espécie pela cooperação, simpatia e reconhecimento para a sobrevivência.

A atual configuração de nossa face pode não ser a última. Estamos passando por constantes mudanças em nossos hábitos alimentares, e o corpo acompanha essa evolução. Dentro dos limites possíveis, as dietas modernas e industrializadas podem significar uma diminuição da mandíbula, diz O’Higgins. E não é só isso. Enquanto houverem mudanças sociais e culturais na sociedade, nosso rosto continuará a se transformar.

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