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Temperatura na Sibéria em maio foi até 10º C mais quente que o normal

Maio de 2020 foi o maio mais quente já registrado, mostra novo relatório. Poucos dias atrás, um enorme vazamento de combustível na região russa ocorreu por consequência do derretimento do solo congelado.

Por Bruno Carbinatto
8 jun 2020, 19h07

Este ano teve o mês de maio mais quente no mundo desde o início do registro histórico em 1981, segundo novo relatório do Copernicus, programa da União Europeia para acompanhar as mudanças climáticas. Algumas áreas foram especialmente afetadas, com destaque para a Sibéria, região gelada da Rússia: por lá, a temperatura em alguns locais foi até 10º C mais quente do que o normal.

O aumento citado é em relação à média das temperaturas registradas entre os anos de 1981 e 2010. Além da Sibéria, foram identificadas temperaturas mais altas em partes da Europa, das Américas, no Alasca e também na Antártica. Por outro lado, partes da Austrália, a costa leste dos Estados Unidos, os bálcãs europeus e o sul da Ásia, registraram temperaturas mais amenas do que o normal. No geral, maio de 2020 foi 0,63º C mais quente do que a média dos meses de maio anteriores, superando maio de 2017, que liderava o ranking antes.

A temperatura média do mundo nos últimos 12 meses foi 0,7º C mais quente do que a média entre 1981 e 2010, e 1,3º C maior do que a temperatura da Terra antes da Revolução Industrial – essa medida é tomada como padrão para quantificar o impacto do aquecimento global causado por humanos, que se intensificou fortemente com o modo de produção industrial. Em 2015, mais de 200 países assinaram o Acordo de Paris, cujo objetivo é “assegurar que o aumento da temperatura média global fique abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais”. O mesmo acordo diz que, preferencialmente, a temperatura não deve aumentar mais do que 1,5º C em relação aos níveis pré-industriais. 

Para atingir as metas do Acordo de Paris, a ONU calculou que é preciso cortar 7,6% das emissões globais de gases de efeito estufa todos os anos. Caso contrário, a temperatura média global vai aumentar em 3,2º C em relação aos níveis pré-industriais, o que seria “catastrófico”.

O enorme aumento de temperatura em regiões da Sibéria é especialmente preocupante. A área corresponde a grande parte do solo do tipo permafrost do mundo, que é permanentemente congelado (a Antártida, o norte do Canadá, a Groenlândia e o norte da Escandinávia também possuem partes significativas de permafrost). Um aumento tão grande na temperatura se traduz em um derretimento acelerado das camadas de gelo do permafrost, o que não só pode levar a um desastre ecológico local como também desencadearia um efeito dominó de aquecimento global. Isso porque o gelo de regiões da Rússia e do Canadá guarda em seu interior quase 1,5 trilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO²), além de metano e outros gases intensificadores do efeito estufa. O derretimento dessas camadas significa necessariamente que parte desses gases será liberado para a atmosfera, intensificando ainda mais o aquecimento global.

Pouco antes do relatório ser publicado, um infeliz acidente na Sibéria escancarou o impacto do aquecimento global na região da pior forma possível. No dia 29 de maio, 15 mil toneladas de diesel vazaram de um tanque de combustível de uma usina elétrica diretamente no rio Ambarnaya, enquanto outras 6 mil toneladas penetraram no subsolo congelado. A gigante da mineração Norilsk Nickel, responsável pelo tanque de combustível, declarou que o vazamento aconteceu porque o solo permafrost embaixo da estrutura derreteu e sucumbiu, fazendo com que o reservatório também se rompesse.

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Russos tentam filtrar o rio Ambarnaya, na Sibéria, após um vazamento de diesel (denis khoskenitsov/Getty Images)

O presidente Vladimir Putin declarou estado de emergência ambiental na região, e diversos analistas afirmam que esse pode ser um dos maiores desastres ambientais recentes na região do Ártico. 

Em geral, o aquecimento de regiões árticas tem sido ainda pior que no restante do mundo, chegando a quase 2º C em relação ao nível pré-industrial. Na Groenlândia, o derretimento do gelo tem sido dramático e preocupado cientistas: só em 2019, a região perdeu 600 bilhões de toneladas do gelo, correspondendo a quase 40% de todo o aumento do nível do mar no ano passado.

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