Terrorismo eletrônico
Por esse motivo, evitar os ataques não é fácil. Governos e empresas pecisariam adotar senhas mais seguras, programas mais estáveis e sistemas capazes de bloquear invasores.
Rafael Kenski
Em uma manhã de julho de 1997, 35 hackers lançaram um ataque coordenado contra os Estados Unidos. Vários Estados mergulharam na escuridão por causa de um blecaute monstruoso. Um avião foi derrubado. Um cruzador da Marinha americana caiu nas mãos dos terroristas. E, para piorar a tragédia, os sistemas de comunicação dos serviços de emergência e do Departamento de Defesa foram desativados. Os prejuízos – financeiros e humanos – seriam incalculáveis se tudo isso não fosse apenas uma simulação realizada pela Agência de Segurança Nacional americana. Apesar de a maior parte dos resultados serem sigilosos, a experiência fez os americanos acordarem para o perigo de um ataque terrorista eletrônico: o ciberterrorismo.
“Muitos dos sistemas vitais do país são acessíveis pela internet e utilizam programas comerciais que contêm vulnerabilidades bem conhecidas. Atacá-los não é tão difícil”, diz Eric Goetz, do Instituto de Estudos de Tecnologia de Segurança do Dartmouth College, em New Hampshire, Estados Unidos. Goetz é um dos autores de um relatório publicado em setembro, que afirma serem grandes as chances de um devastador ataque online aos Estados Unidos durante as campanhas militares no Afeganistão. Um atentado eletrônico não destruiria a infraestrutura do país, mas a inutilizaria por um tempo, geraria pânico e facilitaria outros tipos de ataque .Para realizá-lo, não seria preciso um grande exército: pequenos grupos de terroristas poderiam organizá-lo com o enorme arsenal de guerra eletrônica disponível na web. Estima-se que os sites de hackers recebam, todo dia, entre 30 e 40 novos programas que podem auxiliar nesse tipo de atentado.
Por esse motivo, evitar os ataques não é fácil. Governos e empresas pecisariam adotar senhas mais seguras, programas mais estáveis e sistemas capazes de bloquear invasores. “A internet até agora foi construída apenas para facilitar a comunicação e não para funcionar de forma segura”, diz Goetz. “Precisamos mudar com urgência essa mentalidade.”