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Todos os seres vivos usam os mesmos 20 aminoácidos. Este é o porquê.

Dentre centenas de opções, todo animal, fungo e planta constrói proteínas com os mesmos tijolos químicos. Não é coincidência: tem mão da seleção natural aí.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 ago 2019, 16h17 - Publicado em 2 ago 2019, 16h16

As proteínas são os burros de carga da vida. Seus músculos são feitos de proteínas (actina e miosina). Suas unhas (queratina) também. São proteínas que digerem os carboidratos que você come (amilase) no momento em que eles tocam a saliva. A função do seu DNA, diga-se, é armazenar as receitas para fabricar as cerca de 92 mil proteínas do seu corpo. Uma vez produzidas, elas fazem o resto. 

As proteínas são cadeias de componentes químicos menores chamados aminoácidos. Os aminoácidos têm nomes que soam como uma reunião de idosas psicodélicas: lisina, alanina, leucina… São 20, ao todo. E o mais curioso é que os 20 aminoácidos essenciais para o ser humano são os mesmos que são essenciais para uma vaca, um morcego ou uma árvore. Toda a biosfera é montada com as mesmas peças de LEGO. 

Especialistas da área sempre acharam meio estranho que, com tanta variedade disponível, apenas este conjunto limitado fosse usado pelos seres vivos. Análises de meteoritos que caíram na Terra mostraram a existência de mais de 80 aminoácidos nas rochas espaciais. Então por que esses 20 são os queridinhos da vida? Há algo de especial neles, ou seriam só uma configuração que a evolução das espécies cristalizou e reproduziu ad aeternum?

Publicado segunda (29) no periódico PNAS, um estudo conduzido por químicos do Instituto de Tecnologia da Geórgia e do Instituto de Pesquisa Scripps, nos Estados Unidos, concluiu que não — não é mera coincidência. Esses aminoácidos são feitos um para o outro, eles combinam. Reagem muito bem entre si, com bastante eficiência, e apresentam poucas reações colaterais adversas. Por isso tendem a formar ligações com maior facilidade.

Explicando melhor: na água, os aminoácidos boiam soltinhos, sem se encaixarem uns nos outros. Eles só passam a formar sequências quando a água evapora e algum calor é aplicado à mistura. Os cientistas misturaram os 20 aminoácidos essenciais com os outros 60 que não participam do nosso metabolismo, e então submeteram eles a esse processo de secagem. Calhou que os aminoácidos que se encaixavam com mais facilidade entre si, sem muito enrosco, eram justamente os membros do “G20”.

A conclusão é que há 4 bilhões de anos, quando surgiu a vida, os aminoácidos que estão em nós até hoje foram “escolhidos” simplesmente porque sua química era mais adequada para formar proteínas longas e estáveis. No início, talvez até existissem bactérias rudimentares cujas proteínas possuíssem outros aminoácidos, mas elas foram tiradas de campo pela seleção natural por serem mais frágeis. 

Além de explicar a origem da vida, entender melhor o que está por trás da formação das primeiras proteínas também tem outras aplicações práticas. Ajuda, por exemplo, a aprimorar a fabricação de fármacos e a ciência dos materiais.

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