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Trabalhar demais aumenta o risco de câncer – e as mulheres são as mais afetadas

Mulheres que trabalham mais de 60 horas por semana triplicam as chances de sofrer de doenças crônicas

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 10h46 - Publicado em 28 jun 2016, 21h15

Quem trabalha demais pode estar encurtando os próprios dias. Rotina estressante, agenda cheia e pouco descanso não estão entre as recomendações médicas de quem quer uma vida saudável. Um novo estudo descobriu que jornadas de trabalho maiores que 40 horas podem ser fatais para a saúde, especialmente para as mulheres.

Pesquisadores da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, e da Mayo Clinic queriam saber quais são os efeitos para a saúde daquelas horinhas extras no escritório. Eles analisaram os dados do Censo Nacional da Juventude (National Longitudinal Survey Of Youth) de 7.492 homens e mulheres e seus históricos médicos durante 32 anos.

O estudo foi focado na relação entre jornada de trabalho dessas pessoas e incidência de oito doenças crônicas: câncer (exceto câncer de pele), artrite ou reumatismo, diabetes, doenças pulmonares, depressão, doenças cardíacas e hipertensão.

Mais da metade deles trabalhou entre 41 e 50 horas por semana, 13% tinha uma jornada semanal de 51 a 60 horas, 3% ultrapassava as 60 horas – apenas um pequeno grupo trabalhava por, no máximo, 40 horas.

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O resultado da pesquisa foi categórico: trabalhar demais eleva as chances de desenvolver doenças crônicas – e os ficaram mais horas no trampo tiveram as piores previsões. Quem extrapolou as 51 horas semanais no escritório tem mais risco de sofrer de câncer e doenças cardíacas que aqueles que foram para casa mais cedo. A possibilidade de desenvolver artrite e diabetes também aumenta para aqueles que trabalharam mais de 40 horas por semana.

LEIA: Homens x Mulheres – Por que eles estão ficando para trás

O estudo é ainda mais alarmante para as mulheres. Os cientistas notaram que as longas horas de labuta afetam ainda mais a saúde delas: as que trabalharam mais de 60 horas por semana triplicaram as chances de ter diabetes, câncer, doenças do coração e artrite. E as que mulheres que passaram entre 51 e 60 horas no emprego aumentaram os riscos de desenvolver hipertensão e asma.

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Antes que alguém atire a pedra de que “as mulheres são o sexo frágil”, a explicação para essa diferença entre os gêneros é bastante simples: a jornada de trabalho feminina não termina quando acaba. Inclusive os pesquisadores levam isso em consideração no estudo. Grande parte das mulheres não para de trabalhar quando sai do escritório. Elas têm muito a ser feito para equilibrar vida pessoal, família, filhos, casa com a carreira – a maioria delas é a principal responsável pela organização do lar, então o acúmulo de tarefas é muito maior. Como se isso não fosse o bastante, elas sentem mais pressão por ter que superar questões sexistas no ambiente de trabalho.

O professor da Universidade de Ohio, Allard Dembe, acredita que as empresas e os órgãos reguladores do governo devem estar cientes desses grandes riscos, principalmente porque as despesas médicas diminuem e a qualidade aumenta quando os empregados estão saudáveis. “Mais flexibilidade, acompanhamento médico e suporte da empresa podem ser um caminho para reduzir as chances de os trabalhadores ficarem doentes ou morrerem de doenças crônicas”, afirma.

Mais uma boa razão para pedir uma folga.

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