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Restos de cidade antiga desconhecida são encontrados em oásis na Arábia Saudita

A descoberta mostra como a transição entre o nomadismo e a vida urbana aconteceu na Arábia Saudita, de forma mais gradual que nos países vizinhos.

Por Eduardo Lima
4 nov 2024, 18h00

Há 4 mil anos, no início da Era do Bronze, algumas cidades pequenas já existiam na Península Arábica. Um desses assentamentos, chamado de al-Natah, foi encontrado por arqueólogos no oásis de Khaybar, no noroeste da Arábia Saudita. Essa cidade fortificada é um exemplo de como se deu a transição entre a vida de nômade e a urbanização entre as sociedades da região.

A descoberta foi realizada por arqueólogos franceses em parceria com pesquisadores sauditas. O estudo que detalha o achado foi publicado no periódico científico PLOS ONE. De acordo com os especialistas, a cidade de al-Natah foi habitada entre 2400 e 1300 a.C., com área de cerca de 2,6 hectares (quase três campos de futebol padrão FIFA) e capacidade para 500 habitantes.

O assentamento era fortificado, com muros que podiam chegar até 4,9 metros de altura e 14,5 km de extensão. O que os arqueólogos não conseguiram descobrir é se essa cidade era parte de uma civilização conhecida ou não.

A região onde al-Natah se encontra era tradicionalmente habitada por comunidades de nômades. As descobertas sobre a cidade parecem indicar um nível complexo de organização social que levou a uma urbanização adaptada para a região.

“Urbanismo lento”

A disposição de al-Natah revela um assentamento cuidadosamente planejado, com uma região central administrativa e um distrito residencial conectado por ruas estreitas. Esse bairro de casas tinha cerca de 50 construções, que podiam ter um ou dois andares.

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A cidade também tinha uma necrópole, com túmulos circulares em formato de torre. Artefatos de metal, como machados e adagas, pedras preciosas, como ágata, e cerâmicas também foram encontradas em al-Natah. Esses objetos não explicam quem morou nessa cidade, mas dão sinais de que ali havia uma comunidade com organização social complexa e provavelmente igualitária. 

 

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O oásis de Khaybar tem terras férteis no meio do deserto, o que provavelmente possibilitou que os habitantes de al-Natah desenvolvessem atividades agrícolas ali. Ainda não dá para dizer com certeza que era uma comunidade de agricultores porque só alguns rastros bem sutis de grãos e cereais foram encontrados.

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O estudo chama o desenvolvimento dessa cidade de “urbanismo lento”, em contraste com a rápida urbanização que já estava acontecendo há muito tempo, desde o quarto milênio a.C., no Egito e na Mesopotâmia. Em al-Natah, a mudança do nomadismo para o sedentarismo é mais gradual, se adaptando ao ambiente e à cultura do noroeste da Arábia Saudita.

Uma hipótese dos autores do estudo é que esses assentamentos modestos podem ter sido parte de redes de comércio, como a rota do incenso, que ia da Península Arábica ao Mediterrâneo. Por mais que eles tenham descoberto muitas coisas nessa primeira escavação, os arqueólogos ainda não sabem quem habitou a cidade ou mesmo porque ela foi abandonada.

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