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Uso diário de maconha aumenta risco de psicoses, diz estudo

Fumar maconha todos os dias pode levar a chance 3 vezes maior de apresentar problemas do tipo – foi a conclusão de um estudo que levou em conta, também, dados brasileiros.

Por Guilherme Eler
29 mar 2019, 19h15

Uma pesquisa realizada em países da Europa e no Brasil associa o consumo de maconha a um maior risco de desenvolver psicoses, ou transtornos psicóticos. Distúrbios do tipo envolvem sintomas como delírios (perda do senso de realidade) e alucinações (ouvir vozes, por exemplo).

Foram considerados, ao todo, dados de 2.138 pessoas. Da lista, 901 eram pacientes que já tiveram ao menos um surto psicótico e os 1.237 restantes, pessoas da população geral, sem sintomas conhecidos, que serviram como grupo de controle.

A maioria das informações veio de 10 regiões de cinco países europeus: Espanha, Inglaterra, Holanda e Itália. Além deles, também entraram na análise amostras de 494 pessoas coletadas em 26 cidades da região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Foram considerados na pesquisa homens e mulheres com idade entre 16 e 64 anos. Todo o levantamento aconteceu durante um período de três anos, de abril de 2012 a março de 2015.

Na média, pessoas que fazem uso diário de cannabis registram risco três vezes maior de desenvolver psicoses, quando comparadas àqueles que nunca usam a substância. A incidência desses transtornos foi maior em homens jovens, entre 18 e 24 anos, em áreas com piores indicadores socioeconômicos e entre minorias étnicas.

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Da lista de regiões analisadas, as incidências mais elevadas vêm de Amsterdam e Paris. Esse risco era ainda maior quando o uso diário era de maconha com alto teor de THC, ou tetraidrocanabinol – nome da substância psicoativa encontrada na maconha.

Para ser considerada “forte”, a taxa de THC de uma amostra de maconha específica precisa ser superior a 10%. 

O uso diário de maconha forte aumentou em cinco vezes a chance de diagnóstico de psicose em Londres e em nove vezes em Amsterdã. Na Europa, a preferência é pelo comércio da droga com alta concentração de THC. Como destaca a BCC, especialistas estimam que 94% da maconha comercializada em Londres tenha taxa de THC em 14%. Segundo a Folha de S.Paulo, é possível encontrar maconha com até 67% de THC em Amsterdã. Esse padrão, porém, parece não valer no caso do Brasil.

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“Especificamente na nossa região [de Ribeirão Preto], o uso de maconha com alto teor de THC foi relatado por apenas uma pequena parcela de participantes do estudo (1,5% da população controle e 3,6% dos pacientes)”, disse Cristina Marta Del-Ben, pesquisadora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, que co-assina o estudo, em nota enviada à SUPER.

“Por outro lado, o uso diário de maconha foi observado em 7,4% da população controle e 25% dos pacientes”. Segundo Del-Ben, isso implica um risco “2,5 vezes maior de ocorrência de psicoses entre os indivíduos com uso diário de maconha”. Ou seja, mais que o dobro das pessoas com diagnóstico de psicose faz uso diário de cannabis, e quem fuma tem 2,5 vezes mais chances de apresentar problemas do gênero.

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Lancet.

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