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Veneno de aranha brasileira pode ajudar a tratar disfunção erétil

Apesar de letal, o princípio ativo dele pode melhorar a vida de muita gente

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 12 mar 2024, 12h08 - Publicado em 6 mar 2019, 19h34

Aranhas assustam. Essa que você vê acima, uma espécie comumente encontrada no Brasil e conhecida como armadeira ou aranha-bananeira (Phoneutria nigriventer), é uma das mais venenosas do mundo. Além do veneno letal, ela é grande (possui em média 15 cm, quase o tamanho de uma mão humana), tem grandes quelíceras (presas) avermelhadas e impressiona pela agilidade.

Mas seu veneno também pode salvar. Ou, pelo menos, melhorar a vida de muita gente. É o que afirmam cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que estão desenvolvendo uma droga baseada nesse veneno — e que promete ser mais eficaz que o Viagra.

A base de tudo é um composto chamado PnPP-19. Normalmente, a picada da Phoneutria nigriventer causa perda de controle muscular, levando a problemas respiratórios, paralisia e eventual asfixia. Mas, junto a isso, vem um efeito colateral peculiar: o priapismo, ereções anormalmente longas e doloridas que duram, em média, 4 horas — e podem levar à impotência. Segundo os pesquisadores, o veneno induz o relaxamento do tecido esponjoso nos órgãos sexuais, levando ao aumento do fluxo sanguíneo, causando uma ereção.

No estudo, publicado no Journal of Sexual Medicine, os cientistas detalham os efeitos de uma versão sintética desse princípio ativo, que não apresenta toxicidade. Em testes com ratos e camundongos, a droga foi administrada com segurança por injeção ou via gel tópico — embora o gel testado apresente baixa permeabilidade, com apenas 10% da dose aplicada penetrando na pele. Não houve sinais de desconforto ou dano e a droga apresentou mais efeito do que o sildenafil (Viagra), sugerindo que poderia funcionar para homens que não tiveram sucesso com outras drogas.

Um dos principais pontos do novo estudo é que o composto se mostrou seguro em camundongos e ratos com hipertensão e diabetes, casos em que o sildenafil não é recomendado. Outra vantagem é a possibilidade de aplicá-lo topicamente. Testes com gels desse tipo estão sendo feitos desde o ano passado, mas os cientistas acreditam que o PnPP-19 pode dar uma contribuição que trará benefícios a uma maior quantidade de homens.

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