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Via Láctea pode abrigar 36 civilizações extraterrestres capazes de se comunicar conosco

O cálculo foi feito com a famosa equação de Drake, e considerou que as sociedades alienígenas emergem em condições parecidas com as da Terra.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 25 ago 2022, 14h39 - Publicado em 19 jun 2020, 16h10

Pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, refinaram a famosa equação de Drake – e chegaram a conclusão de que deve haver, na Via Láctea, cerca de 36 civilizações inteligentes com tecnologia avançada o suficiente para entrar em contato conosco.

Para entender como os cientistas chegaram a esse número, é preciso primeiro compreender o que é a equação de Drake. A história resumida vai assim: em 1961, um grupo de 11 cientistas, incluindo Frank Drake, se juntaram em reunião para debater a existência de vida extraterrestre inteligente – e meios de se comunicar com esses possíveis alienígenas, cuja cultura e biologia sequer conheceríamos. 

Em certo momento, Drake escreveu na lousa uma equação com sete fatores – um equação que ele havia criado alguns dias antes em uma mesa de bar, e que se tornaria uma das mais célebres da história da ciência. Dá só uma olhada (se quiser conhecer melhor essa história, é só conferir esta reportagem da Super).

N = R* fp ne fl fi fc L

R* é a taxa anual de produção de estrelas na Via Láctea, a nossa galáxia.

fp é a fração de estrelas que têm planetas.

ne é o número de planetas habitáveis por sistema planetário.

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fl é a fração de planetas habitáveis que efetivamente desenvolvem vida.

fi é a fração de planetas vivos que desenvolvem vida inteligente.

fc é a fração de planetas com vida inteligente que atingem o estágio tecnológico necessário para se comunicar por rádio com outras civilizações.

L é o tempo de vida médio de uma civilização capaz de se comunicar por ondas de rádio.

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É “só” multiplicar todos os valores e você chega no número N, que é o número de civilações inteligentes com que poderíamos conversar na Via Láctea. O problema, óbvio, é determinar os valores. Você pode estimar para a variável L, por exemplo, que uma civilação dura, em média, 10 mil anos. Mas faz apenas um século que os seres humanos aprenderam a usar o rádio, e nós já quase destruímos o mundo em várias ocasiões. Se o aquecimento global continuar no ritmo atual, talvez o Homo sapiens cause a própria extinção em bem menos de mil anos.

Qualquer mudança em qualquer uma das variáveis, portanto, pode gerar uma flutuação drástica no resultado final.

Agora, 60 anos depois da fatídica reunião, um grupo de pesquisadores da Universidade de Nottingham fez algumas adaptações (e deu alguns chutes educados) em uma nova tentativa de resolver a equação de Drake. No final, eles chegaram a um resultado bem moderado: 36 civilizações passíveis de contato. 

Para as variáveis referentes aos planetas, os pesquisadores consideraram que os dados eram semelhantes aos da Terra. Ou seja: que os planetas com condições climáticas propícias dão origem à vida relativamente rápido (a Terra se formou há 4,5 bilhões de anos, e há 4 bilhões já ganhou suas primeiras bactérias). Mas que a vida inteligente demora um pouco para emergir (o Homo sapiens tem apenas 300 mil anos de idade). 

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Também há o tempo que essa civilização inteligente passa dominando a tecnologia necessária para enviar saudações a outros planetas por meio de ondas de rádio (que só pode ser estimado, afinal, não sabemos quando a humanidade pode ser extinta ou regredir a um estado com acesso a pouquíssima tecnologia). Com esses valores em mente, eles testaram vários cenários, que indicaram a existência de 32 a 175 civilizações contatáveis pela Via Láctea – sendo 36 o valor intermediário mais razoável.

Isso significa que a civilização mais próxima estaria a no mínimo 17 mil anos-luz de nos – uma distância intrasponível por quaisquer meios tecnológicos existentes, já que qualquer mensagem de rádio, caminhando à velocidade da luz, levaria 17 mil anos para ir, e a resposta levaria outros 17 mil para voltar. 

Christopher Conselice, um dos autores do estudo, explica que o resultado não é só filosofia: tem implicações para o nosso destino. “Se descobrirmos que a vida inteligente é comum, isso revelaria que nossa civilização poderia existir por muito mais do que algumas centenas de anos; por outro lado, se descobrirmos que não existem civilizações ativas em nossa galáxia, é um mau sinal para nossa existência a longo prazo. Ao procurar por vida extraterrestre inteligente – mesmo que não encontremos nada – estaremos descobrindo nosso próprio futuro e destino”.

Em outras palavras: se existirem muitos ETs por aí, é porque eles duram muito. Porém, se eles forem raros, é sinal de que a vida inteligente não é tão inteligente assim – e causa seu próprio fim com algulma facilidade.

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