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Vírus, o aproveitador sem escrúpulos

Implacável, o vírus esgota seu hospedeiro e depois parte para outros, usando táticas perfeita

Por André Santoro
Atualizado em 23 jan 2017, 16h27 - Publicado em 31 jul 1999, 22h00

É só porque não dá conta de se reproduzir sozinho que o vírus parasita outros organismos. Às vezes invade uma alga unicelular ou um fungo. Até aí, tudo bem. O problema é quando células humanas são escolhidas para o papel de chocadeiras. Aí, você fica doente. Infecção é o nome que se dá ao ataque. Exigentes, eles costumam dar preferência a um órgão específico. Uns, como o da hepatite, preferem o fígado. Outros, como o do resfriado, adoram um nariz ou uma traqueia. O que define o alvo são algumas substâncias que ficam na superfície do micróbio e só se ligam a determinados tipos de célula. Aberta a porta, o safado injeta seu material genético na hospedeira (veja o infográfico abaixo), que passará a produzir milhões de clones dele. Até explodir – ou morrer de cansaço.

Além de entrar sem ser chamado, o vírus quebra toda a casa da anfitriã. “Durante a infecção não existe altruísmo”, disse à SUPER o virologista Paulo Zanotto, da Universidade Federal de São Paulo. Se uma vítima ficou desmilingüida e morreu, o parasita, que não tem senso de preservação ecológica, pula para outra. Assim, não só destrói a saúde do dono das células invadidas, como salta para outros indivíduos, causando as epidemias. Quando o hospedeiro consegue combatê-lo, ele também não se abate. Disfarça-se, mudando um pouco as proteínas de sua superfície, e pode até atacar outros bichos. Se não há ninguém para infectar, junta a sua turma e pode passar até quarenta anos esperando, na forma de um cristal protéico, até que alguém – como você – passe, imprudentemente, no seu caminho.

Quem sabe é super

Nem todo vírus mata a célula. Alguns, como o HTLV, fazem com que ela se multiplique desordenadamente, provocando o câncer.

Crime organizado

A infecção é como o seqüestro da célula. Só que a refém nunca sai viva.

1. PORTA ABERTA

O vírus (na ilustração, um composto de RNA, o ácido ribonucléico) usa seus espinhos para se ligar a um receptor, uma proteína da célula que funciona como maçaneta. Feito o encaixe, está livre a entrada.

2. CASA INVADIDA

Arrombada a porta, o assaltante libera seu material genético no citoplasma, o líquido celular. O RNA, então, revira toda a célula à procura do núcleo.

3. AS EXIGÊNCIAS

Dentro do núcleo, o RNA se incorpora ao material genético da própria célula. Lá, dá ordens às enzimas da vítima para fazer cópias de si mesmo.

4. O BILHETE

Depois, ordena a produção de RNA mensageiro, uma molécula especialmente desenhada para levar as informações genéticas do parasita para os ribossomos, as fábricas de proteínas da sequestrada.

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5. O PAGAMENTO

No ribossomo, a fita de RNA mensageiro é traduzida em forma de proteínas do vírus. Essas proteínas se juntam ao material genético já copiado para formar um novo vilão.

6. A FUGA

O malandro recém-nascido escapa e ainda leva junto um pedaço da membrana celular, que vai formar o seu envelope, uma cápsula gordurosa que protege ainda mais seus genes. Então, procura mais células para invadir.

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