Vírus “invisível” reduz a vida em 4 anos
Ele está presente em 90% das pessoas e não produz nenhum sintoma. A não ser uma coisa terrível: diminuir sua expectativa de vida
Pior do que um vírus malvado, só um vírus duas-caras. Essa é a principal característica do citomegalovírus (CMV), que está presente em grande parte da população mundial – no Brasil, 90% das pessoas carregam o vírus. Ele sempre foi considerado relativamente inofensivo, porque não produz sintomas e fica inativo no organismo, sem se manifestar (só é um problema para grávidas ou pessoas com Aids, que têm o sistema imunológico enfraquecido). Mas um estudo da Universidade de Birmingham revela que o vírus tem sim um efeito, e sobre todo mundo: reduzir a expectativa de vida. Os cientistas descobriram isso acompanhando a vida de 500 pessoas durante 18 anos. Quem tinha o citomegalovírus viveu 4 anos a menos, em média.
Ainda não se sabe como e por que isso acontece, mas os pesquisadores têm uma teoria. O CMV seria capaz de iludir o sistema imunológico, convencendo-o de que é um vírus novo. Então, em vez de usar células de defesa já treinadas para combater o CMV, o organismo manda células “novatas”, que precisarão aprender a lidar com ele. Na prática, isso significa que o sistema imunológico fica sobrecarregado, deixando a pessoa vulnerável a outras doenças. “O CMV pode estar associado a doenças cardiovasculares e outros problemas crônicos, envelhecimento do sistema imunológico e mortalidade”, diz a pesquisadora Amanda Simanek, da Universidade de Michigan.
A boa notícia é que isso pode ter solução. Experiências com camundongos mostraram que o uso de medicamentos antivirais pode auxiliar o sistema imunológico a controlar o CMV, revertendo seus efeitos – e ajudando o organismo a recuperar os anos perdidos.