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Você sentiu a terra tremer esta semana? O sertão do Ceará sim – mais de 100 vezes

Segundo dados da Rede Sismográfica Brasileira, já são mais de 1,2 mil abalos na região desde 17 de março. Entenda.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 2 ago 2019, 12h11 - Publicado em 26 jul 2019, 19h44

O Brasil está em uma posição privilegiada, geologicamente falando, no que diz respeito à incidência de terremotos. Aqui, no centro da placa Sul-Americana e a uma distância segura de áreas com atividade geológica intensa, é pouco provável que algum brasileiro vá sofrer algum dia as consequências de um terremoto severo. Mas isso não quer dizer que abalos sísmicos, ainda que de menor intensidade, não aconteçam.

E uma região específica do nordeste do país é a maior prova disso: o sertão cearense. Segundo dados da RSBR (Rede Sismográfica Brasileira), foram mais de 1,2 mil abalos naturais por lá desde o dia 17 de março – sendo 1.052 deles só entre março e maio.

Outra parte significativa desse total aconteceu na última quarta-feira (24). Pelo menos 102 tremores assolaram a região ao longo da madrugada, algo que os especialistas costumam chamar de “enxame sísmico”. Todos tinham como epicentro a região de Quixeramobim – cidade a 212 km de Fortaleza – e o mais forte, iniciado às 2h46, alcançou magnitude 2.5.

Diferente de abalos sísmicos convencionais, onde há um tremor principal e, depois dele, apenas balanços secundários, enxames sísmicos se caracterizam pela incidência de vários tremores em sequência. Eles acontecem sempre em um curto período e em uma mesma área. Acredita-se que o enxame sísmico da região de Quixeramobim teve início no dia 17 de março.

Depois da madrugada agitada da última quinta-feira, um terremoto mais intenso voltou a afetar a região. Na quinta-feira, mais precisamente às 21h44, o abalo alcançou magnitude 3,2. Moradores das regiões de Quixeramobim, Madalena e Boa sorte, no sertão cearense, relataram ouvir um estrondo muito forte e ver objetos balançaram. Não houve feridos nem desabamentos, e é provável que nada caia exclusivamente por conta dos balanços. No entanto, estruturas que já estão fragilizadas, caso continuem sendo chacoalhadas por mais sismos, podem acabar cedendo.

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Não se sabe ainda ao certo qual o fenômeno por trás da série de abalos mais recente. De acordo com com a RSBR aspectos como a ruptura de rochas – que causa seu deslocamento e liberação de energia – e o acúmulo de pressão na superfície podem ter influência.

“Este é um momento de muita atenção, pois a atividade sísmica da região pode parar de repente ou gerar um terremoto de maior magnitude. Estamos atuando em colaboração com a Defesa Civil para esclarecer a população”, afirma Eduardo Menezes, sismólogo da RSBR na UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

O terremoto mais forte já registrado na região (e coincidentemente, no Brasil) segue sendo o da cidade cearense de Chorozinho que, em 1980, teve magnitude de 5.3. Considerando o planeta todo, nenhum outro abalo foi tão forte quanto o de Valdívia, no Chile, em 1960: 9,5 na escala Richter.

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