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Vôo das aves: Quem pode, pode

Além de bonitas, as aves dão um show de aerodinâmica.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 30 set 1999, 22h00

Maria Fernanda Vomero

Inveja. Esse sentimento é quase inevitável para o homem quando seus olhos batem numa ave planando no céu. Voar por conta própria, porém, não foi uma conquista fácil. Foram necessários 150 milhões de anos para que, segundo a teoria mais aceita sobre a origem das aves, os descendentes dos dinossauros sofressem as modificações anatômicas que as tornariam as mais eficientes máquinas voadoras do planeta.

“A relação entre o peso, o comprimento das asas e a potência de cada uma delas é completamente harmoniosa”, explica o ornitólogo Reginaldo José Donatelli, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Bauru, interior de São Paulo. As maiores aves, como o albatroz, aproveitam as asas de até 3,4 metros de envergadura para planar; assim, não precisam arcar com o todo o peso do corpo. As mais leves, como o canário, têm asas curtas, que batem sem parar. Gastam muita energia, mas voam depressa e podem ir mais longe.

Apesar da notória especialização, os pássaros não tiveram a primazia na conquista dos céus. Os santos-dumonts do reino animal foram os insetos, que ganharam os ares há 300 milhões de anos. Entre os vertebrados, os pterossauros decolaram primeiro. Esses répteis voadores, que não eram ancestrais das aves, desenvolveram asas como as dos morcegos – quatro dedos gigantescos ligados por uma membrana –, que podiam medir até 14 metros de uma ponta à outra. Seu reinado durou até 65 milhões de anos atrás, quando sumiram, junto com os dinossauros. Sorte dos passarinhos.

De carona

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Quando precisam fazer uma viagem longa, algumas aves optam por voar coletivamente, como estes patos selvagens. A batida das asas de quem está na frente gera uma corrente de ar que impele para cima a turma de trás. Essas aves migratórias se alternam nas posições dianteiras. Assim, ninguém se cansa e todos aproveitam a carona.

Quem sabe é super

Os gafanhotos podem saltar obstáculos até 500 vezes maiores que eles. Sem esse impulso, dado pelas patas, o bicho não poderia voar: suas asas são grandes demais para serem abertas no chão.

Esquadrilha animal

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HELICÓPTERO

O beija-flor pode voar de costas, para os lados e até ficar parado no ar. A versatilidade se deve ao jeito como ele bate as asas, para a frente e para trás, cerca de 100 vezes por segundo. “Funciona como um helicóptero”, compara o ornitólogo Reginaldo Donatelli, da Unesp.

PLANADOR

Em vez de bater asas, o condor prefere planar. Essa ave de rapina aproveita colunas de ar quente – as correntes ascendentes – para ganhar altura, voando em círculos a centenas de metros de altura. A envergadura de suas asas, que pode chegar a 3 metros, o ajuda a subir sem fazer força.

BOMBARDEIRO

O besouro tem quatro asas. Duas menores, que formam sua carapaça, e duas maiores, logo embaixo, que ficam dobradas e guardadas quando ele está no solo. Gordinho em relação aos outros insetos, ele tem pouca capacidade de manobra, como os aviões bombardeiros.

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Perfeição emplumada

Cada detalhe da ave ajuda no vôo.

HÉLICES

Essenciais para o vôo, as penas primárias – nove ou dez de cada lado – são as responsáveis pelo movimento das aves para a frente e para cima, como as hélices do avião.

MANOBRAS

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As penas secundárias, dez ou doze de cada lado, funcionam como os ailerons. Ficam na base das asas. O animal as inclina quando quer ir para a direita ou para a esquerda.

LEMES

Também conhecidas como retrizes, as penas da cauda direcionam o vôo. Funcionam como o leme dos aviões, permitindo, entre outras coisas, que a ave voe em linha reta.

MOTOR DE ARRANQUE

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Os músculos peitorais fornecem a potência necessária para bater as asas. Podem ser comparados às turbinas de um avião: garantem a força na decolagem.

LEVEZA

Os ossos são pneumáticos, isto é, porosos e cheios de ar. Assim, o bicho fica bem leve.

BRAÇO DISFARÇADO

Por baixo das penas, as asas se revelam como modificações dos membros anteriores: mãos, braço e antebraço. Ao batê-las, os bichos criam uma corrente de ar que lhes dá sustentação.

CORTA-VENTO

Nas aves que voam, o osso esterno é bem desenvolvido, largo, e se projeta para a frente formando uma quilha, fundamental para o vôo.

BALÕES FLUTUANTES

As aves têm bolsas de ar chamadas sacos aéreos, comunicados com os ossos, que ajudam a dar leveza. O volume de todas as bexigas juntas é cerca de nove vezes o dos pulmões dos bichos.

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