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Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.

A sensibilidade do Lulu

“O Lulu iguala as mulheres aos homens”, bastante gente tem falado. Não acho. Para começar, um Lulu para homens seria impossível. Sim, sei que uns mineiros desenvolveram uma versão masculina (que se apresenta dizendo Chegou a hora da vingança). Mas não vai rolar. A coisa pode até funcionar como uma brincadeira trash num primeiro momento: alguns […]

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Atualizado em 21 dez 2016, 09h49 - Publicado em 2 dez 2013, 13h10

post Lulu

“O Lulu iguala as mulheres aos homens”, bastante gente tem falado. Não acho. Para começar, um Lulu para homens seria impossível. Sim, sei que uns mineiros desenvolveram uma versão masculina (que se apresenta dizendo Chegou a hora da vingança). Mas não vai rolar. A coisa pode até funcionar como uma brincadeira trash num primeiro momento: alguns caras vão emular a parte sexual do Lulu colocando absurdos ali – e vão mentir despudoradamente, dando detalhes íntimos de meninas que eles só conhecem de vista, por puro vandalismo moral. E para por aí. Mas a coisa não tem mesmo como se segurar por outro motivo: os homens não têm o  menor interesse em certos valores. Nas hashtags do Lulu dá para falar sobre a gentileza do cara, a ambição, as fraquezas emocionais. Para um homem típico isso só conta mesmo quando ele se apaixona. E se ele se apaixona só vai falar sobre as minúcias da personalidade da moça com a própria moça. Ou com a melhor amiga dele, ou com a mãe, se o cara for do tipo #MonOnSpeedDial – não sei como ficou essa em português, mas em inglês é Shakespeare.

E é aí, na poesia de algumas hashtags, que está a graça do Lulu. O aplicativo pode ser basicamente um ladrão de dados (e é mesmo, como o atento Ronaldo Lemos explica aqui), mas isso não mancha a qualidade dos micro-textos – o meu favorito é #GostaDeRomeroBritto como característica negativa. Gênio.

Tem outra: os homens não se interessam tanto em compartilhar detalhes sexuais. As amigas mais próximas de uma menina vão saber qual é o tamanho do pau do cara com quem ela ficou e se ele tem pegada ou não. Os amigos do menino não. O normal é que eles morram sem saber se ela é escandalosa na cama ou se o boquete é bom mesmo. Ainda mais porque a expressão “boquete ruim” é uma contradição de termos, como “círculo quadrado” ou “reta curva”. Não existe. Nem o conceito de “boa de cama” faz tanto sentido no mundo masculino – o cara está preocupado demais com o próprio desempenho para ficar qualificando o de quem está embaixo ou em cima dele. Mais: se o sujeito gosta de você, leitora, não vai ficar bravo nem se você dormir no meio a trepada. Vai achar que te deixou tão confortável que você relaxou demais e caiu no sono – sim, somos ridículos.

Essa obtusidade masculina, mais o fato de a gente não entender ironia direito, inviabilizam um Lulu pra homens. Não que o Lulu original seja a panacéia do humor sofisticado, claro. Também tem quase tanta podreira lá quanto teria num aplicativo só para borracheiros. O que eu gostei mesmo foi de saber que boa parte das minhas amigas acham a coisa estúpida e pronto – que nem as piadas inteligentes das hashtags seguram a baixeza do resto. Isso me mostrou mais sobre a visão de mundo delas do que qualquer hashtag. #PorEssasQueEuAdoroVocês.

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Atualização: o Tubby era só uma pegadinha (www.tubbyapp.com).

 

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