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Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.

Você: uma história de 13,8 bilhões de anos

A história do Universo é a sua história. A história da sua vida. No começo de tudo, você estava espremido num espaço tão infinitesimal que caberia com folga na ponta dos cílios de um ácaro. Você estava lá. Eu também. Tudo o que existe, e que um dia vai existir, estava ali, apertado. Até que, […]

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Atualizado em 21 dez 2016, 09h50 - Publicado em 12 nov 2014, 17h59

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A história do Universo é a sua história. A história da sua vida. No começo de tudo, você estava espremido num espaço tão infinitesimal que caberia com folga na ponta dos cílios de um ácaro. Você estava lá. Eu também. Tudo o que existe, e que um dia vai existir, estava ali, apertado. Até que, ufa: essa muvuca clareou. Tudo expandiu. Inclusive você. Foi há 13,8 bilhões de anos. Naquele tempo, você ainda era feito de energia pura. Depois as coisas ficaram mais sólidas. Seu corpo se condensou na forma de prótons. E você foi morar numa estrela. Provavelmente em mais de uma estrela, já que cada pedacinho de matéria que forma o seu corpo saiu de vários lugares do cosmos.

Mas as estrelas não foram só a sua casa. Elas serviram como usinas, fundindo os seus prótons na forma de átomos complexos – carbono, cálcio, oxigênio… Agora cada pedaço de você era maior e mais forte. Cada átomo, uma metrópole frenética, lotada de quarks, glúons, fótons e elétrons. Bom, uma hora essas estrelas explodiram. E jogaram você aqui, nesta periferia profunda, 28 mil anos-luz distante do centro da Via Láctea.

Foi ótimo, aliás, porque isso te deu a chance de participar do evento mais pirotécnico que este cantinho do cosmos viu nos últimos 4,5 bilhões de anos: o dia da ignição do Sol, esse reator nuclear a céu aberto que dali em diante iluminaria nossa vizinhança. Então seus átomos deram uma sossegada. Fincaram residência numa pedra espacial que estava se formando nas cercanias solares. Uma pedra que logo se tornaria abençoada pela vida, e bonita por natureza. Pronto. Agora você e todos os seus quarks, glúons, fótons e elétrons estão aqui, lendo essa tela. Parabéns. E que a gente se cruze por aí nos próximos bilhões de anos.

—-

*esta é a carta ao leitor que fiz para uma das edições da Super que mais me deram orgulho. Esta aí em cima: um especial com o que a revista publicou de melhor sobre os limites do Universo. Chega nas bancas dia 14/11.

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