Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90
Imagem Blog

Bruno Garattoni

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

A surpreendente origem do PlayStation

Ele está completando 25 anos e impressionantes 570 milhões de unidades vendidas. Mas só existe por causa de uma manobra secreta da Nintendo - que traiu, e enfureceu, a Sony

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 set 2024, 08h58 - Publicado em 4 dez 2019, 16h27

O console, que nasceu em 1994, só existe por causa de uma manobra secreta da Nintendo – que traiu, e enfureceu, a Sony

Nesta semana, o PlayStation completa 26 anos. É um dos produtos mais bem-sucedidos e influentes de todos os tempos. Mas o que você talvez não saiba é que, pelo plano original, ele não deveria existir – pelo menos, não como um console de videogame.

Na década de 1980, a Sony ditava os rumos da indústria de tecnologia com o Walkman, o CD, o Discman, as TVs Trinitron, camcorders de 8 mm, etc. Era um império indestrutível, que ganhava oceanos de dinheiro e não via por que se meter no volátil mercado de games. Mas o engenheiro Ken Kutaragi decidiu embarcar num projeto secreto. Ele desenvolveu, sem contar a seus chefes na Sony, o chip de áudio SPC700 – que viria a se tornar o processador de som do Super Nintendo, console lançado em 1990.    

Foi o começo de um relacionamento entre as duas empresas, que logo estreitaram os laços num projeto mais ambicioso. A Nintendo pediu à Sony que desenvolvesse o SNES-CD, um leitor de CD-ROM para o Super Nintendo. Fazia sentido. Como co-inventora do Compact Disc, a Sony dominava o formato. E havia uma corrida para levar os consoles de 16 bits à era do CD-ROM (a Sega estava desenvolvendo seu produto do tipo, o Sega CD, para o Mega Drive/Genesis; e a NEC já tinha um console, o PC Engine, com leitor de CD).

A Sony desenvolveu um protótipo, que combinava o hardware e os joysticks do Super NES com um leitor de CD, e se chamava “PlayStation”. Ele aceitava os cartuchos do SNES, e também jogos em CD – na verdade, era um CD levemente modificado, que foi batizado de “Super Disc”. Pelos termos do acordo, a Sony permanecia dona da tecnologia envolvida no Super Disc. Isso incomodou a Nintendo, que costumava controlar com mão de ferro o hardware e o software de suas plataformas (ela ficou famosa por, através do chip CIC, determinar quais games poderiam ou não ser lançados para o NES de 8 bits). 

Continua após a publicidade
800px-Sony-playstation_prototype
(Paquitogio/Wikimedia Commons)

Em junho de 1991, durante a Consumer Electronics Show (a maior feira de tecnologia do mundo na época), a Sony revelou ao mundo o PlayStation, como ele era até então: só um Super Nintendo com leitor de CD. No dia seguinte, a Nintendo detonou uma bomba. Anunciou que estava rompendo com a Sony, e que iria se associar à Philips para desenvolver um leitor de CD-ROM para o Super NES. Descontente com o contrato que havia assinado com a Sony, a Nintendo vinha fazendo reuniões secretas com os holandeses da Philips (que haviam desenvolvido o Compact Disc junto com a Sony).  

Isso reescreveu a história. Surpresa e enfurecida, a Sony decidiu entrar com tudo no mercado de games. Manteve o nome, mas projetou um console completamente novo – e revolucionário. O primeiro PlayStation, lançado em dezembro de 1994, levou os videogames domésticos para a era dos gráficos poligonais, 3D (isso até já havia sido tentado com o console 3DO, que foi lançado em 1993 e fracassou pois era fraco, caro e tinha poucos games). Potente, acessível e sustentado por uma enorme campanha de marketing, o PS1 foi um megasucesso: o primeiro console, na história, a ultrapassar a marca de 100 milhões de unidades vendidas. Ken Kutaragi se tornou presidente da Sony Computer Entertainment, o braço de games da empresa, cargo no qual ficou até 2011. Os games se tornaram o maior, e mais lucrativo, negócio da Sony

Continua após a publicidade

A Nintendo, por sua vez, tropeçou. O tal leitor de CD nunca saiu, o console “portátil” Virtual Boy foi um fiasco, e a empresa só se reequilibrou em 1996, com o lançamento do Nintendo 64 (com hardware desenvolvido pela Silicon Graphics, que dominava o mercado de workstations 3D). Fez sucesso, mas não a ponto de competir com o PlayStation e seus sucessores. Dali para a frente, a Nintendo acabou desistindo de disputar a supremacia tecnológica e apostou em consoles com mecânica de jogo diferente, como o Wii e o Switch – que ocupa o terceiro lugar no mercado, atrás de PS4 e Xbox One. 

Ao contrário de sua arquirival Sega (que abandonou o hardware e virou apenas uma editora de games), a Nintendo continua viva e bem, mas nunca recuperou a força hegemônica dos anos 80 e 90. Isso aconteceu por vários fatores, claro. A começar por um: ter traído a Sony.   

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.