Apple mostra o iCloud e o novo iOS – com sistema que copia o Android
Acabou de acabar a apresentação de Steve Jobs nos EUA. Vamos às novidades: 1. Mac OS X Lion – nova versão do sistema operacional do Mac. A Apple fala em “250 novas funções”, o que é um certo exagero. Mas há sim novidades legais. Como o recurso Mission Control, que mostra miniaturas de todas as […]
Acabou de acabar a apresentação de Steve Jobs nos EUA. Vamos às novidades:
1. Mac OS X Lion – nova versão do sistema operacional do Mac. A Apple fala em “250 novas funções”, o que é um certo exagero. Mas há sim novidades legais. Como o recurso Mission Control, que mostra miniaturas de todas as janelas que você tem abertas (tipo o Exposé, só que mais bacana), o AirDrop (que permite compartilhar arquivos com outras pessoas via Wi-Fi) e principalmente o sistema AutoSave: que salva automaticamente o arquivo no qual você está trabalhando. O Lion não será distribuído em DVD, só via download (arquivo de 4 GB). Ele não é um super upgrade, mas é desejável e principalmente barato – chega em julho, por US$ 30.
2. iOS 5 – novo sistema operacional para iPhone, iPad e iPod Touch. A grande novidade está nas Notificações (avisos de que chegou e-mail ou SMS, há atualizações no Twitter ou no Facebook, etc). O iPhone estava muito atrasado nisso – enquanto o Android tem um ótimo sistema de notificações, o iOS se limitava a mostrar pop-ups toscos. O que fez a Apple? Copiou: para ver notificações no iOS 5, você desliza o dedo de cima para baixo na tela – exatamente como na “persiana” do Android. Se o Google quiser, pode começar uma briga na Justiça.
A outra grande novidade do iOS 5 está no iPad – que agora terá a Newsstand, uma banca de revistas digital. Basicamente, é um app onde você pode ver, comprar e baixar todas as revistas e jornais disponíveis para o iPad. Estava fazendo falta (hoje, as revistas ficam todas espalhadas pela App Store) e deve alavancar as vendas das publicações – que não precisarão, caso não queiram, desenvolver seus próprios apps.
O iOS 5 melhorou na integração com o Twitter (você tira uma foto com a câmera do iPad ou do iPhone e pode tuitá-la no ato) e ganhou o recurso Safari Reader, que reformata os sites para deixar os textos mais fáceis de ler – tipo o Instapaper, só que um pouco mais esperto (se o texto estiver picotado em várias páginas, o Safari Reader consegue juntar todas numa só). O teclado virtual ganhou um modo que ajuda a digitar segurando o iPad na mão, quando você não quer ou não pode apoiá-lo.
O novo sistema vem com o aplicativo iMessage, um mensageiro instantâneo (tipo MSN) só para os usuários de iPad, iPhone e iPod Touch. A Apple já tentou isso no passado, com o iChat, e fracassou. Mas o iMessage deve pegar sim (há dezenas de milhões de pessoas usando iOS). Outra novidade legal: agora dá para sincronizar o iPad, o iPhone e o Touch com o seu computador via Wi-Fi.
O iOS 5 é um passo grande. A Apple conseguiu eliminar sua desvantagem tecnológica em relação ao Android. Só acho que foi conservadora demais na Home Screen, que continua estática e sem widgets (no Android e no Windows 8, ela é bem mais interessante). O iOS é grátis e estará disponível “no outono” dos EUA, o que significa setembro a novembro.
3. iCloud. Um serviço que pega o “conteúdo” armazenado no seu iPad, iPod, iPhone, Mac ou PC e salva na internet – replicando o conteúdo de um gadget em todos os outros. Contatos, calendário, fotos, email, apps. Tudo na nuvem. Quando você cria um documento no pacote iWork, da Apple, ele também é salvo online. A sincronização só é feita quando há uma conexão Wi-Fi, ou seja, não detona a sua cota de tráfego 3G.
O iCloud parece bem legal. E é grátis (a Apple finalmente entendeu que não faz sentido cobrar por serviços que o Google dá de graça). O ponto negativo é que ele só funciona com os serviços da própria Apple – não dá pra usar com Flickr ou Gmail, por exemplo.
E o serviço de músicas online do iCloud, sobre o qual tanto se falou na semana passada? É o seguinte: quando você compra uma música na loja da Apple, ela fica armazenada na nuvem – e pode ser baixada em todos os seus aparelhos (iPad, iPod, iPhone, Mac, PC). Mas e guardar no iCloud as músicas que você já tem, tipo aqueles MP3 baixados do BitTorrent? Pode isso, Arnaldo? Pode, mas custa US$ 25 por ano. A capacidade é de 20 mil músicas (dá uns 100 GB).
Um detalhe importante: as músicas não tocam via streaming, como nos serviços Google Music e Amazon Cloud. No iCloud, você tem de baixar a música antes de escutá-la. Sabe por que?
4. Não teve novo iPhone. Ainda não foi desta vez que a Apple lançou um iPhone com tecnologia 4G. Sem acesso 4G, fica muito difícil ouvir músicas por streaming – as redes 3G são lentas e congestionadas demais. Para usar o 4G, você precisa de duas coisas: um aparelho compatível, e uma rede compatível – que as operadoras de celular precisam montar e nos EUA já existe, mas no Brasil ainda não.
Sem 4G, o iPhone não consegue tocar streaming com uma performance aceitável. É por isso que o iCloud exige que você baixe as músicas, presumivelmente via Wi-Fi, antes de escutá-las. Uma pena.
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Foi uma apresentação longa e cheia de novidades – fazia tempo que a Apple não mostrava tantas coisas de uma vez só. O iOS 5 foi o ponto alto: graças a ele o iPhone volta a competir de igual pra igual com o Android. E o iCloud pode desequilibrar as coisas a favor da Apple. Mas para que isso aconteça, será preciso vencer um obstáculo bastante grande: convencer as pessoas a abandonarem os serviços do Google.