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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

Cientistas descobrem rede de túneis entre o crânio e o cérebro

Estruturas microscópicas conectam a caixa craniana às meninges, e são acionadas em situações de emergência; novidade pode transformar o estudo das doenças neurológicas

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 set 2024, 15h34 - Publicado em 30 ago 2018, 16h04

Estruturas microscópicas conectam a caixa craniana às meninges, e são acionadas em situações de emergência; revelação pode transformar o estudo das doenças neurológicas

Dentro da sua cabeça, há uma rede de túneis conectando o cérebro ao crânio. São canais vasculares microscópicos, que servem para levar células do sistema imunológico até o cérebro nos momentos em que isso é necessário – como em caso de infecção ou derrame (AVC). Trata-se de uma descoberta bastante surpreendente, que transforma a compreensão anatômica do cérebro – e está num estudo recém-publicado por cientistas do Massachusetts General Hospital.

Os pesquisadores coletaram amostras de tecido cerebral de três pacientes, que haviam passado por  craniotomia descompressiva: uma cirurgia de abertura da caixa craniana, feita quando o cérebro incha devido a algum trauma. As amostras foram analisadas no microscópico. E isso revelou a existência de uma rede de canais, com aproximadamente 100 micrômetros de diâmetro cada um (similar à espessura de um fio de cabelo), que conectam o crânio à dura máter, a mais externa nas três meninges (membranas) que revestem o cérebro.

Em seguida, os cientistas realizaram a mesma análise em cérebros de ratos, agora com o tecido ainda vivo. Eles encontraram os tais canais, e descobriram qual é a função deles: transportar leucócitos neutrófilos, células de defesa do sistema imunológico, até o cérebro. Os neutrófilos são produzidos pela medula óssea e trafegam pela corrente sanguínea até os locais onde são necessários, como pontos de infecção ou lesão. Eles provocam inflamação – que é uma tentativa do organismo de reconstruir os tecidos afetados. Isso acontece no corpo todo. A novidade é que o cérebro possui seu próprio suprimento de neutrófilos – e um atalho para recebê-los.

“Nós sempre acreditamos que células do sistema imunológico saíssem [da medula óssea] de nossos braços e pernas e viajassem pela corrente sanguínea até o cérebro”, afirmou Francesca Bosetti, uma das autoras do estudo, em nota à imprensa. A descoberta revela que não é bem assim. Em caso de infecção ou derrame, o cérebro recebe neutrófilos diretamente da caixa craniana – que possui a própria medula.

Os cientistas ainda não sabem por que isso acontece, mas acreditam que a descoberta possa revolucionar o estudo das doenças neurológicas – que muitas vezes envolvem algum grau de inflamação cerebral.

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