Cinema exibe jogo do Brasil em 3D; veja como foi
A transmissão em 3D foi gerada pela Sony na África do Sul, e exibida para convidados da TV Globo (entre eles, eu) num cinema de São Paulo. A tecnologia utilizada foi a RealD, com óculos passivos, que a rede Cinemark adota em suas salas. Antes de começar, a Globo exibiu um aviso dizendo que o sinal 3D […]
A transmissão em 3D foi gerada pela Sony na África do Sul, e exibida para convidados da TV Globo (entre eles, eu) num cinema de São Paulo. A tecnologia utilizada foi a RealD, com óculos passivos, que a rede Cinemark adota em suas salas. Antes de começar, a Globo exibiu um aviso dizendo que o sinal 3D vinha direto da África, sem passar por nenhuma edição ou manipulação local. Temi que o som também fosse o original – mas a emissora colocou seu próprio áudio, com a narração de Galvão Bueno. Graças a deus, amigo! Aliás, antes de entrar no quesito imagem, um comentário sobre o som. Você pode odiar as vuvuzelas – mas ouvi-las no cinema, com o som vindo de todos os lados, é uma experiência bem legal. Realmente parece som de estádio.
Bom, vamos ao 3D. Quando o sinal tridimensional foi ligado, logo antes do início da partida (o pré-jogo havia sido exibido em 2D), a platéia do cinema soltou um profundo “óoooh”, seguido de exclamações que se prolongaram por vários minutos. A primeira impressão é mesmo de encantamento: você sente que está diante de um avanço revolucionário, que um dia vai transformar o jeito de ver futebol (mesma sensação que tive ao ver o primeiro jogo transmitido em alta definição, numa demonstração feita pela Globo em 2002).
Passado o encantamento, dá para analisar a transmissão 3D com mais calma. E ela começou estranha. Quando os atletas estavam cantando os hinos nacionais, foram filmados por um ângulo que confundiu as câmeras 3D, gerando um resultado bizarro – os jogadores ficaram pequenos demais em relação ao campo, como num efeito tilt-shift. Em outras tomadas, eles pareciam feitos de papelão. Quando o jogo começou, esses problemas sumiram.
E as qualidades apareceram. O efeito 3D é de profundidade, ou seja, para dentro da tela. As coisas não saem voando para fora da tela, como nos filmes. Mas o 3D realmente ajuda a ver melhor o que está acontecendo no jogo. Nos lances de escanteio e bola levantada na área, por exemplo, os jogadores não ficam todos embolados – você consegue ver com nitidez o que está acontecendo, quem está marcando ou agarrando quem. As jogadas de meio-campo também ficam mais legais, porque dá para ver os ângulos entre os jogadores (informação que se perde na transmissão 2D). E as câmeras 3D capturam o jogo mais de perto – o nível de proximidade e detalhes da imagem é quase tão bom quanto o das transmissões de basquete.
Também houve um defeito crônico. Certos elementos da imagem, como as linhas do campo e os ombros dos jogadores, eram exibidos com aliasing – uma distorção que deixa seus contornos serrilhados. O efeito era bem perceptível, e bem incômodo (talvez tenha sido causado pelo projetor ou por alguma zica na transmissão). Outras ressalvas: em cenas de movimento rápido, a imagem borra um pouco (o que, aliás, também acontece com os jogos em 2D), e o efeito tridimensional se torna mais fraco.
O futebol em 3D ainda tem o que melhorar. Mas ele já é uma experiência fantástica. Na Inglaterra, os jogos já estão sendo exibidos em sessões 3D abertas ao público (e existe uma empresa cogitando fazer isso no Brasil). Ou seja: cedo ou tarde, você terá a oportunidade de ver um jogo em 3D no cinema. Faça isso. Vale muito a pena. Só tem um problema: depois de ver futebol desse jeito, fica difícil voltar a assisti-lo na TV.
(agradecimento especial: Golden Goal Ltd)