Entenda a polêmica envolvendo os autotestes de Covid, que foram barrados e depois liberados pela Anvisa
Eles são feitos em casa, dão o resultado em 15 minutos e são o tipo mais usado nos EUA, onde custam US$ 10 - mas estudo questiona sua capacidade de detectar a variante Ômicron nas primeiras 48h após a infecção; FDA fala em "sensibilidade reduzida"
Atualização 28/janeiro, 14h30: a Anvisa liberou os autotestes, que poderão ser comercializados nas farmácias de todo o país.
Atualização 19/janeiro, 16h40: em uma decisão surpreendente, que contraria a expectativa dos últimos dias, a Anvisa acaba de vetar a comercialização dos autotestes no Brasil. A agência pediu que o Ministério da Saúde forneça mais informações sustentando a liberação dos autotestes. Isso poderá ocorrer num prazo de 15 dias – após o qual a Anvisa voltará a analisar o tema.
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Eles são feitos em casa, dão o resultado em 15 minutos e são o tipo mais usado nos EUA, onde custam US$ 10 – mas estudo questiona sua capacidade de detectar a variante Ômicron nas primeiras 48h após a infecção; FDA fala em “sensibilidade reduzida”
O autoteste de Covid, que você mesmo faz em casa, é o mais usado na Inglaterra e nos EUA – mas, com a pandemia entrando em seu terceiro ano, ainda não chegou ao Brasil. Isso deve mudar logo. Com o avanço da variante Ômicron, a explosão no número de infectados e a falta de testes de Covid nas farmácias, o Ministério da Saúde pediu à Anvisa que regulamente e libere a venda do autoteste no País – o que pode ocorrer já nos próximos dias.
Ele seria uma solução para amenizar a escassez ds testes tradicionais, e também permitiria que mais gente soubesse se está ou não com Covid, podendo ajudar no controle da pandemia. Mas, ao mesmo tempo em que os autotestes parecem prestes a chegar ao Brasil, eles geram polêmica nos Estados Unidos.
Os autotestes são produzidos por várias empresas (nos Estados Unidos o mais comum é o BinaxNOW, do laboratório Abbott), custam em média US$ 10 e têm várias diferenças em relação aos testes atualmente usados no Brasil. A primeira, óbvia, é que você mesmo poderá fazer o teste em casa. Ele vem com um cotonete que deve ser passado nas narinas, e aí há outra diferença: não precisa ser enfiado bem no fundo para alcançar a nasofaringe, como nos testes atuais. Basta introduzi-lo 1 a 1,5 cm na entrada das narinas.
O cotonete deve ser girado pelo menos cinco vezes, por ao todo 15 segundos, para coletar a amostra. Em seguida, ele é inserido no teste propriamente dito, no qual você pinga algumas gotas de um reagente. Esse líquido carrega a amostra para uma fita horizontal – por isso, os autotestes também são conhecidos como lateral flow tests, ou LFTs.
O teste tem uma janelinha com duas linhas. Uma delas se chama “Controle”, e serve apenas para verificar que o reagente e a amostra se espalharam corretamente pela fita. O que interessa está na segunda linha, “Amostra”. Esse ponto da fita é impregnado com anticorpos contra o Sars-CoV-2. Se você estiver infectado, as partículas virais vão reagir com os anticorpos do teste – e linha “Amostra” se formará, indicando que deu positivo. O resultado sai em 15 minutos.
O autoteste tem 78% a 92% de sensibilidade (para pessoas assintomáticas e sintomáticas, respectivamente). Ou seja, ele tem alguma chance de dar falso negativo. Mas isso é aceitável; o problema é a incerteza envolvendo a variante Ômicron. No começo de janeiro, um estudo feito nos EUA submeteu amostras de 30 pessoas a testes PCR (em laboratório) e a dois autotestes: o BinaxNOW e o QuickVue, da marca americana Quidel. Ambos foram repetidos várias vezes.
Resultado: os autotestes só conseguiram detectar a Ômicron a partir do terceiro dia de infecção – nos dois primeiros dias, eles deram falso negativo em todos os casos. Isso é preocupante, pois poderia levar pessoas contaminadas a sair e se expor a outras, espalhando o vírus.
O laboratório Abbott, que fabrica o BinaxNOW, diz que ele mantém a sensibilidade contra a nova variante. A FDA (equivalente americano da Anvisa) afirmou, baseada em testes feitos pelo National Institutes of Health, que os autotestes são capazes de detectar a Ômicron, e permitiu que continuem no mercado – mas fez a ressalva de que eles “podem ter sensibilidade reduzida” contra a nova variante.