PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Bruno Garattoni

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

“Freedom Day” inglês coloca o mundo inteiro em risco, diz carta assinada por 1.200 cientistas

Abandono das máscaras e das restrições no Reino Unido aumenta risco de surgirem mutações no coronavírus, tornando-o resistente às vacinas; país vive alta de casos, com forte expansão da variante Delta; app do governo envia ordens de quarentena para centenas de milhares de pessoas, causando momentos de caos

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 set 2024, 09h29 - Publicado em 20 jul 2021, 16h57

Abandono das máscaras e das restrições no Reino Unido aumenta risco de surgirem mutações no coronavírus, tornando-o resistente às vacinas; país vive alta de casos, com forte expansão da variante Delta; app do governo inglês envia ordens de quarentena para centenas de milhares de pessoas, causando momentos de caos 

“Em 19 de julho de 2021 – apelidado de Dia da Liberdade – quase todas as restrições serão encerradas. Nós acreditamos que essa decisão é perigosa e prematura.” Assim começa o manifesto, que foi publicado no jornal científico Lancet e assinado por 1.200 cientistas. Segundo eles, o “Freedom Day”, que  aconteceu ontem e marca o fim da obrigatoriedade das máscaras e das restrições sanitárias no Reino Unido, colocará em risco um grande número de pessoas no país (onde 68% da população recebeu uma dose da vacina e 51% tomou as duas doses, ou seja, ainda há bastante gente desprotegida). 

Em seguida, o documento faz uma previsão sombria. “Dados preliminares sugerem que a estratégia do governo [de reabertura total] fornece um terreno fértil para o surgimento de variantes resistentes às vacinas. Isso colocaria todos em risco, incluindo aqueles já vacinados, no Reino Unido e globalmente.” 

Esse receio se deve ao fato de que, embora as vacinas continuem protegendo contra Covid grave causada pela variante Delta, elas não impedem a transmissão do vírus. A Delta já é dominante no Reino Unido, onde responde por mais de 90% das novas infecções. Com o abandono do uso de máscaras e das restrições sanitárias, essa variante poderá se espalhar aceleradamente – o governo inglês prevê 100 mil novos contaminados por dia.

O “liberou geral” inglês não deverá causar uma explosão de casos de Covid grave, já que a maioria da população britânica está vacinada. Mas permitirá que o vírus se replique em escala inédita – e isso, com a pressão seletiva exercida pelas vacinas, pode ser especialmente perigoso. A carta cita uma simulação matemática, feita por cientistas das universidades de Cambridge, Bristol e Warwick, que prevê o seguinte: “o maior risco de escape vacinal [surgimento de variantes resistentes] pode ocorrer em níveis intermediários de vacinação”. 

Continua após a publicidade

Quando há pouca gente vacinada, o vírus não sofre pressão seletiva: como as pessoas não têm nenhuma imunidade, ele consegue se reproduzir livremente, sem barreiras – e, por isso, não seleciona mutações. Já quando toda ou quase toda a população está imunizada (com uma vacina que impeça a transmissão do vírus), ele não consegue se espalhar – e, como se replica pouco, tem pouca chance de selecionar mutações. O maior risco está na fase intermediária: e é justamente nela que a Inglaterra está agora. 

Parte da população está totalmente vacinada, e portanto protegida contra a Covid severa, mas mesmo assim pode pegar e transmitir Delta. Outra parte está semi-vacinada (com a primeira dose), e ainda sob risco de Covid grave – sendo que também pode pegar e transmitir Delta. As vacinas atrapalham ou impedem a replicação do vírus. Isso é ótimo, pois evita que as pessoas fiquem doentes, mas também tem uma consequência evolutiva: estimula a seleção de mutações que possam tornar o Sars-CoV-2 resistente às vacinas. 

Pegue essa receita e multiplique por milhões de pessoas, com o espalhamento sem controle da variante Delta na Inglaterra, e o país pode se tornar uma fábrica de novas variantes. Por isso o abandono das máscaras e das restrições é considerado tão perigoso.

Continua após a publicidade

Na última semana, o Reino Unido se tornou o país com mais novos casos de coronavírus no mundo, aumentando a pressão para que o “Freedom Day” fosse cancelado pelas autoridades. Mas ele aconteceu ontem, como previsto: teve eventos comemorativos, baladas lotadas e o príncipe Charles passeando sem máscara. O governo até tentou um recuo, mas sem firmeza: disse que será necessário apresentar comprovante de vacinação para frequentar eventos fechados, mas só a partir de setembro. 

Também ontem, o primeiro-ministro Boris Johnson teve de se isolar após ser reinfectado pelo vírus – e o país viveu momentos de caos quando o aplicativo do NHS, o SUS britânico, disparou alertas para que centenas de milhares de ingleses entrassem em isolamento domiciliar por 10 dias, pois tiveram contato com pessoas infectadas. Mesmo com o fim da obrigatoriedade de máscaras e das restrições sanitárias, as ordens de quarentena continuam valendo (desobedecê-las dá multa, que começa em 1.000 libras). 

A onda de alertas do NHS gerou sinais conflitantes: um ministro chegou a dizer que as pessoas poderiam desconsiderá-los, e não precisariam fazer quarentena, mas depois o governo disse que eles devem ser obedecidos. Lojas, bares, restaurantes e escritórios tiveram de ser fechados às pressas, e três linhas do metrô de Londres foram parcialmente paralisadas, depois que seus funcionários receberam alertas de isolamento domiciliar. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.