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Bruno Garattoni

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

“Gran Turismo 7” explora bem o controle do PlayStation 5 – e dá uma nova dimensão aos games de corrida

Jogo usa resposta háptica e gatilhos adaptáveis do DualSense para simular derrapagens, vibrações e travamento do freio; resultado deixa a pilotagem mais realista e interessante

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Atualizado em 6 set 2024, 10h29 - Publicado em 3 mar 2022, 10h26

Jogo usa resposta háptica e gatilhos adaptáveis do DualSense para simular derrapagens, vibrações e travamento do freio; resultado deixa a pilotagem mais realista e interessante

Em poder de processamento, o Xbox Series X e o PlayStation 5 meio que se equivalem: a GPU (processador de vídeo) do console da Microsoft é 10% mais rápida, mas na prática isso acaba não fazendo muita diferença. O que realmente diferencia os dois consoles, fora os títulos exclusivos de cada um, é o serviço Game Pass, do Xbox, e o controle DualSense, do PS5.

A máquina da Sony ainda não tem nada comparável ao Game Pass, um grande trunfo da Microsoft. Mas leva vantagem nos títulos exclusivos e nas novas tecnologias do DualSense: os gatilhos adaptáveis, que ficam mais leves ou pesados, e a resposta háptica (um tipo hiper preciso de vibração). Elas fazem diferença – e realmente transformam alguns gêneros de jogo. 

Em “Call of Duty: Cold War”, por exemplo, os gatilhos mudam de peso conforme a arma – e podem travar se ela for mal recarregada. Em “Horizon Forbidden West”, imitam bem a resistência do arco e flecha da protagonista. Em “Astro’s Playroom” e “Death Stranding”, a resposta háptica simula a textura do solo, como gelo, areia ou grama, e até (junto com o alto-falante embutido no DualSense) a sensação de chuva.

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Detalhe de patente registrada pela Sony mostrando a tecnologia de gatilhos adaptáveis. Repare no motor elétrico (à direita), que é o responsável pelo efeito. (World Intellectual Property Organization/Reprodução)

Agora chegou a vez dos games de corrida: “Gran Turismo 7”, que está sendo lançado nesta sexta-feira, explora bastante as tecnologias do DualSense. A resposta háptica simula bem a sensação de rodagem dos carros – dá para sentir o atrito dos pneus com o chão, as vibrações do motor, os trancos das mudanças de marcha. 

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Mas o mais interessante é a resposta dos gatilhos. O esquerdo, usado como freio, fica mais ou menos pesado dependendo do carro – e, com o ABS desligado, vibra e trava em frenagens fortes demais. O resultado é bem interessante: você vai querer desligar o ABS e procurar o limite de cada curva.     

  

O gatilho direito, do acelerador, também vibra e oscila – para indicar quando o carro está perdendo aderência. Nesse caso, o resultado não é tão bom. As mudanças de dureza do acelerador – que não existem na vida real – comprometem as saídas de curva: é impossível acelerar com suavidade (principalmente com o controle de tração desligado) enquanto o gatilho muda de peso, trava e vibra. 

Felizmente, há uma solução. Basta reduzir a vibração do DualSense para 75% nas configurações do jogo. Ao contrário do que pode parecer, isso não as deixa mais fracas; só reduz a quantidade delas – e, crucialmente, desativa as vibrações do acelerador. Mas o game não avisa disso; é algo que você só descobre se tentar. 

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Isso é curioso, pois “Gran Turismo 7” se preocupa muito em orientar e guiar o jogador – talvez até demais. Você é obrigado a fazer algumas lições de pilotagem e começa com carros bem fracos. Só começa a dirigir modelos realmente rápidos após 3 ou 4 horas de jogo. Esse início lento e gradual pode ser um pouco punitivo. 

Mas não chega a ser entediante, pois a apresentação do jogo é soberba. Ele começa com um clipe (de vídeo) com a história do século 20 contada pela evolução do automóvel, e transborda de informações interessantes entre as corridas. 

Você fica conhecendo a origem do Mini Cooper (e sua relação com a F-1), entende os símbolos no logo da Alfa Romeo (um deles é do século 13), aprende sobre as montadoras japonesas enquanto dirige seus carros mais clássicos. O jogo também tem uma espécie de museu, com fotos, textos e vídeos do YouTube, sobre cada marca. A história da Michelin, por exemplo, é contada em mais de 100 itens.

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Ajustes mecânicos de um dos carros em Gran Turismo 7. (SIE/Reprodução)
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Você não é obrigado a vê-los; pode simplesmente correr. Também não é obrigado a mexer nas regulagens dos carros (que impressionam pela complexidade), ir desligando as assistências eletrônicas ou conectar um volante e pedais ao PlayStation. “GT7” é um simulador rico e profundo, mas também pode ser jogado de forma quase casual. 

Inclusive em seu modo online, com uma característica que todos os simuladores deveriam ter: se você quiser, só pilotos com nível de desportividade acima de “X” poderão correr com você. Isso praticamente erradica as batidas que infestam outros games de corrida – e, junto com a força da marca (desde 2018, a Federação Internacional de Automobilismo realiza um campeonato mundial de “Gran Turismo”), deve transformar “GT7” em um hit multijogador.     

Os gráficos são bons, mas não extraordinários. Uma exceção são as corridas na chuva, que realmente impressionam (veja abaixo).

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O jogo permite escolher entre o  modo “qualidade”, com ray tracing (que usa física real para iluminar as cenas), e o “performance”, que prioriza a taxa de quadros. Mas o ray tracing só é ativado nos showrooms (com os carros parados) e em replays de corridas; não enquanto você joga. E a taxa é sempre 60 fps, nos dois modos. Então acaba não fazendo tanta diferença. 

No PlayStation 4, não há ray tracing, mas o game também roda a 60 quadros por segundo – tanto no PS4 Pro quanto no modelo “base”. Um feito notável para um console lançado em 2013 – que continua rodando bem os lançamentos mais recentes

“Gran Turismo 7” entrega o que se esperava. Corrige os erros dos antecessores (nas versões 5 e 6, alguns carros eram pouco detalhados, pois tinham sido herdados do PlayStation 2, e “GT Sport” menosprezou o modo single player) e usa bem as tecnologias do DualSense para proporcionar uma experiência nova e ao mesmo tempo típica da franquia – que está completando 25 anos, com 80 milhões de cópias vendidas. “GT7” está à altura dessa história. Não é revolucionário; mas não precisa ser.

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