“Hellblade II” dá um salto visual – e tem os gráficos mais impressionantes desta geração
Jogo da Microsoft usa novas técnicas de produção, com resultado visual notável; lançamento, no serviço Game Pass, confirma o bom momento do Xbox
Você já deve ter ouvido alguém dizer que os games andam meio estagnados, e a atual geração de consoles está devendo jogos com um salto de qualidade gráfica realmente convincente. Não é verdade. Cyberpunk 2077, lançado em 2020, e Ratchet & Clank, no ano seguinte, são dois bons exemplos. Mas é fato que, desde a primeira demo da plataforma de desenvolvimento de games Unreal Engine 5, quatro anos atrás, estamos esperando jogos que realizem as promessas dela, com visual beirando o fotorrealismo.
Hellblade II, que está sendo lançado hoje para Xbox Series X/S e PC, finalmente chega lá. Já nas primeiras cenas do game, desenvolvido pelo estúdio inglês Ninja Theory (pertencente à Microsoft desde 2018), fica claro que você está diante de um marco tecnológico: os cenários do jogo, que se passa na Islândia, têm um nível de detalhes bastante acima da média – e isso, somado à fluidez de movimentos dos personagens, aos movimentos de câmera e efeitos de luz, dá a impressão de estar jogando um filme.
A Ninja Theory obteve esse resultado porque adotou técnicas de produção diferentes do normal. Em vez de modelar (desenhar) “do zero” os cenários e os elementos do game, ela fez o caminho inverso: uma equipe de desenvolvedores passou três semanas viajando pela Islândia, fotografando locais e digitalizando objetos com scanners 3D, para depois inserir os arquivos na Unreal Engine 5.
Além de resultar em gráficos mais reais, esse método também tem outro efeito: reduz significativamente os custos de produção. E pode ajudar a salvar a indústria de games da crise financeira na qual ela se encontra (leia mais na próxima edição da Super).
Hellblade II é um game de ação em que você assume o papel de Senua, uma guerreira celta cuja missão é salvar seu povo, que foi escravizado e levado para a Islândia. Com aproximadamente 7h de duração, ele é bem mais curto do que os games triple-A (de alto orçamento) tradicionais.
Também é linear: você não pode explorar os cenários livremente, como num jogo de mundo aberto. E sua mecânica de combate é meio simplória – basta apertar um botão para esquivar e outros dois para atacar, sem maiores variações ou desafio envolvido nisso.
Mas a sensibilidade da história (que, assim como no primeiro Hellblade, explora com inteligência a depressão da protagonista), a qualidade do áudio (gravado com microfones binaurais) e, acima de tudo, a riqueza visual valem a experiência.
Hellblade II definitivamente merece ser jogado. Inclusive porque, como está disponível no serviço Game Pass, você pode jogá-lo mesmo se não tiver um Xbox ou PC com placa de vídeo potente – dá para rodar o jogo pela nuvem (basta assinar o Game Pass, que custa R$ 30 a R$ 50 mensais).
A execução em nuvem tem resolução menor do que o Xbox Series X (em que testamos o jogo), mas tudo bem. Seja no console ou na nuvem, o game roda a 30 fps, não 60 – mas, como Hellblade II é relativamente “lento”, com ação bem cadenciada, isso não é um problema. No PC, roda a 60 fps (se você tiver hardware suficiente).
A chegada de Hellblade II ao Game Pass confirma a boa fase do serviço da Microsoft, que recentemente ganhou o megasucesso Diablo IV e deve receber três blockbusters exclusivos nos próximos meses: Flight Simulator 2024, Indiana Jones and the Great Circle e Shattered Space, a primeira DLC do excelente Starfield.
Além disso, segundo o Wall Street Journal, a Microsoft também estaria planejando liberar o novo Call of Duty no Game Pass, no mesmo dia do lançamento: um gesto radical, que pode revitalizar as vendas do Xbox – e mudar o balanço de forças na indústria.