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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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“Starfield” é uma obra-prima da Bethesda – e um sopro de vida para o Xbox

Saga espacial, que está sendo lançada para PC e consoles da Microsoft, encanta pela variedade e pelo gigantismo; leia review

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 set 2024, 15h37 - Publicado em 31 ago 2023, 13h41

Saga espacial, que está sendo lançada para PC e consoles da Microsoft, encanta pela variedade e pelo gigantismo; leia review

A atual geração de consoles está completando seu terceiro ano. Nesse tempo, o PlayStation 5 ganhou uma forte coleção de jogos exclusivos: Spiderman: Miles Morales, Ratchet & Clank, Horizon Forbidden West, Gran Turismo 7, God of War Ragnarok e The Last of Us: Part I.

Já o Xbox Series X/S teve bem menos: os principais foram Halo Infinite e Forza Horizon 5 (Gears e Sea of Thieves são da geração anterior, e Hi-Fi Rush é um título menor). Os consoles da Microsoft sofrem com a falta de games exclusivos.

Ela sabe disso, e vem comprando vários estúdios de games para tentar resolver o problema. Um deles é a Bethesda Softworks (autora das séries Fallout, Wolfenstein e Skyrim), que a Microsoft adquiriu por US$ 7,5 bilhões em 2021.

E, agora, esse esforço finalmente começa a dar frutos – com o RPG de ação Starfield, que foi desenvolvido pela Bethesda e está sendo lançado para PC e Xbox Series X/S. Nele você é um explorador espacial, que pilota sua nave por sistemas estelares e vai parando em planetas, nos quais desce e faz missões. 

Essa descrição é propositalmente vaga: nos primeiros 30 minutos de jogo, Starfield revela a verdadeira premissa da história, que é interessante e original. O que dá para adiantar, sem entrar em spoilers (até porque aparece no próprio trailer), é que Starfield aproveita sua divisão em planetas para combinar os cenários de vários jogos num só. 

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Tem faroeste, exatamente como nos EUA do século 18; cidades superfuturistas, como em Cyberpunk 2077; planetas selvagens, dominados por formas de vida alienígenas; e por aí vai. É uma boa sacada, que dá ao game um escopo grande e variado. Veja alguns exemplos:   

Ao apresentar o game, a Bethesda disse que ele tem mais de 1.000 planetas para explorar. Isso levantou comparações desfavoráveis com outro jogo, No Man’s Sky, que prometeu (e cumpriu) algo do tipo – mas com planetas meio vazios e aleatórios, sem muita coisa para ver ou fazer. Starfield não é assim. 

Sua história principal se desenrola em um número menor de planetas, uns 20 – mas eles transbordam de personagens, missões e histórias. É tanta coisa, com tantas possibilidades, que no começo chega a ser um pouco confuso. Mas você logo pega o jeito. 

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Além da campanha principal (que completei em 27 horas), as atividades paralelas também surpreendem pela profundidade. Não são missões secundárias tradicionais, que você vai lá e faz; abrem linhas narrativas próprias, que aí se desdobram por várias etapas (algumas chegam a ter 10 capítulos internos). 

Imagens de divulgação do Jogo Starfield.
(Bethesda/Reprodução)

Starfield é gigantesco: segundo a Bethesda, tem mais de 250 mil linhas de diálogo. As falas são bem escritas, com personagens interessantes e um detalhe incomum: você escolhe suas respostas, e elas realmente influenciam o desenrolar dos acontecimentos. Antes de atirar, geralmente é possível tentar convencer a outra pessoa. É realista, e aumenta a sensação de imersão. 

Os gráficos do jogo são bons; em certos momentos, ótimos. Mas oscilam. As animações faciais dos personagens são só passáveis, nada demais. E alguns locais, como a cidade-mãe Nova Atlântida, poderiam ter recebido uma demão extra de capricho. Mas outros cenários, como a superfície da Lua, o planeta Neon e as ruínas de laboratórios, encantam por sua atmosfera, iluminação e riqueza de detalhes. Somando prós e contras, o resultado geral é satisfatório. 

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A força gráfica de Starfield não está no uso de novas tecnologias de renderização, mas na direção de arte: a quantidade, por vezes impressionante, de elementos nos cenários. Veja abaixo um exemplo:

Nós testamos o game no PC, com uma placa de vídeo GeForce RTX 3080Ti, da Nvidia – e conseguimos rodá-lo a 60 quadros por segundo, com todas as configurações gráficas no máximo, em resolução 4K (com upscaling via FSR 2, já que o game não oferece modo DLSS). A 3080Ti é um verdadeiro canhão, capaz de executar 34,1 teraflops (trilhões de operações por segundo).

Para ver como Starfield se sairia em hardware mais modesto, também rodamos o jogo numa AMD Radeon RX5500 XT: uma placa de 5,2 teraflops, patamar parecido com o do Xbox Series S (4 teraflops). Ela conseguiu entregar 30 quadros por segundo, com as configurações gráficas no nível Médio/Baixo. Fica menos bonito, mas continua jogável.

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Imagens de divulgação do Jogo Starfield.
(Bethesda/Reprodução)

Não foi possível testar Starfield no Xbox Series X/S, pois a Bethesda ainda não liberou essa versão à imprensa. Normalmente, isso inspiraria certo receio. Mas, neste caso, provavelmente não haverá problemas – pois o jogo faz parte do serviço Xbox Game Pass. 

Ou seja, você não precisa comprá-lo a preço cheio, R$ 349. Basta assinar o Game Pass (ou o PC Game Pass), por R$ 33 mensais, para baixar e jogar Starfield. Isso significa que, se ele não rodar bem no Xbox, você não terá perdido muito. 

Mas provavelmente vai rodar bem: Todd Howard, diretor do jogo, disse que jogou no Series S durante a maior parte do processo de desenvolvimento (porque os filhos estavam monopolizando o Series X da família). Update: como previsto, Starfield tem boa performance no Series X/S

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Imagens de divulgação do Jogo Starfield.
(Bethesda/Reprodução)

Um porém é que, tanto no Series S quanto no X, Starfield só vai rodar a 30 quadros por segundo – não haverá, segundo a Bethesda, a opção de sacrificar um pouco de qualidade visual para habilitar um modo 60 fps. 

Isso é decepcionante para os donos de Series X, cujo diferencial é justamente o poder de processamento gráfico, 12 teraflops. A Bethesda e a Microsoft deveriam dar a opção de 60 fps nesse console; provavelmente não o fizeram por alguma limitação no hardware dele (especula-se que seja a CPU). Pena.

Imagens de divulgação do Jogo Starfield.
(Bethesda/Reprodução)

Mas vale lembrar que Starfield não é um game de tiro competitivo, em que mais quadros por segundo fazem toda a diferença; é um jogo de exploração, cujo ritmo “cabe” em 30 fps. 

E que ritmo. A história e seus desdobramentos encantam – e terminam num desfecho instigante, que fica na cabeça por um bom tempo. Starfield já nasce clássico, é uma obra-prima da Bethesda. Também é uma demonstração de força da Microsoft, e um sopro de vida para o Xbox – que finalmente volta a ganhar um blockbuster exclusivo. 

Starfield estará disponível no Game Pass a partir da próxima quarta-feira, dia 6 (a versão “premium”, que inclui alguns itens cosméticos a mais, será liberada antes, hoje à noite).

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