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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

IA humanizada transforma novo “Forza Motorsport”

Algoritmo deu 26 mil voltas em cada pista para aprender a dominá-la - e incorporou comportamentos típicos de pilotos humanos, como ousar e errar; leia review do simulador, que está sendo lançado para Xbox Series X/S e PC

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Atualizado em 6 set 2024, 15h36 - Publicado em 5 out 2023, 14h37

Algoritmo deu 26 mil voltas em cada pista para aprender a dominá-la – e incorporou comportamentos típicos de pilotos humanos, como ousar e errar; leia review do simulador, que está sendo lançado para Xbox Series X/S e PC

Na primeira corrida de Forza Motorsport, que está sendo lançado hoje pela Microsoft para PC e Xbox Series X/S, você guia um Corvette E-Ray pelas curvas de Maple Valley, pista fictícia nos EUA. É bonito, mas nada demais: parece qualquer outro game de corrida. Você ganha fácil.

Mas aí, logo na segunda corrida -entre protótipos de Le Mans, numa pista do Japão-, a competição fica mais dura. E algo sensacional acontece: os carros controlados pela IA começam a se comportar como humanos. 

Um deles sai da linha ideal, sacrificando um pouco da própria velocidade, para tentar bloquear a sua ultrapassagem. Dois outros se estranham, e chegam a se tocar, na entrada de uma curva. Um terceiro exagera, perde o ponto de frenagem, e desliza para a área de escape. São ousadias e erros típicos de pilotos humanos – não dos bots de games de corrida.

Nada disso foi programado: são ações “espontâneas” da IA, que frequentemente toma atitudes humanas   durante as corridas. O estúdio Turn 10, que produziu o jogo para a Microsoft, criou um novo algoritmo de machine learning que deu 26 mil voltas em cada pista para aprender, sozinho, como dominá-la – e incorporou, também, comportamentos humanos.

Parece que você está correndo com outras pessoas, não contra uma IA. É muito perceptível, e bem diferente de qualquer outro simulador. Inclusive dos Forza anteriores, nos quais essa promessa era apenas caô: eles tinham “drivatars”, que prometiam imitar a pilotagem dos seus amigos, mas não faziam isso (na prática, eram bots genéricos). Agora é diferente – e transforma a experiência de jogo.

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Os gráficos também são um ponto alto do game. O salto em relação a seu antecessor, Forza Motorsport 7 (lançado em 2017), é bem grande. Veja no vídeo abaixo:

Testamos Forza Motorsport no Xbox Series X, em que ele oferece três opções gráficas: os modos Performance (60 fps), Performance RT (60 fps, com ray tracing) e Visual (30 fps). O modo Performance RT é disparado o melhor: o ray tracing, que usa física real para traçar os raios de luz, realmente deixa os carros e as pistas mais bonitas (especialmente em corridas noturnas ou sob chuva). 

Ele sacrifica um pouco de resolução em relação ao modo Performance, mas isso não é perceptível: o resultado final, após o upscaling interno do Series X para 4K, quase sempre é perfeito, sem aliasing (serrilhamento). No Xbox Series S, não há ray tracing – mas o game também roda a 60 fps.

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A jogabilidade também é boa. Forza Motorsport tem oito níveis de dificuldade para você selecionar, e o controle dos carros é ótimo – tanto no controle do Xbox quanto no volante (testamos num Logitech G920). Não é superdetalhado, como em Assetto Corsa e outros simuladores mais hardcore, mas tem nuances suficientes para manter as coisas interessantes, sem afastar o jogador mais casual.

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(Turn 10 Studios/Reprodução)

Um porém é que todos os carros têm o mesmo “peso” no volante, o que não é realista. Seria legal se houvesse alguma variação entre eles. Mas, considerando que 99% das pessoas jogam no controle mesmo, e o simulador tem mais de 500 carros, talvez seja pedir demais. 

Você pode selecionar qualquer um deles, a qualquer momento – mas só no modo Free Play, de corridas independentes. No modo “campanha” (Builder, com 60 corridas), é preciso ir vencendo e marcando pontos para desbloquear novos veículos. Um bom equilíbrio entre desafio e acessibilidade, sem o grinding exagerado que caracteriza a série Gran Turismo.

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Já o sistema de classificação tem um problema sério. Antes de cada corrida, você pode dar algumas voltas na pista para treinar e marcar tempo. Mas é você mesmo, não o game, que escolhe a sua posição de largada. É bem frustrante (o certo seria que a posição fosse determinada pelo seu tempo de volta, como em qualquer outro jogo). Tomara que corrijam isso em uma atualização.

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(Turn 10 Studios/Reprodução)

Outra correção que seria bem-vinda diz respeito ao modo Multiplayer. Ele tem o sistema de “ranking desportivo”, em que você recebe uma nota de acordo com a sua educação nas pistas (não bater nos outros, etc). 

Os servidores da Microsoft usam essa nota para escolher as pessoas que vão jogar com você, selecionando pilotos de nível semelhante. Legal. Mas não dá para você criar um lobby que só aceite pilotos com ranking desportivo “A” ou superior, por exemplo.   

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Na versão pré-lançamento, que testamos, o game apresentou bugs gráficos (pedaços da tela piscando), mas só bem de vez em quando. Os retrovisores de certos carros, quando você joga com a câmera do cockpit, estão aquém do aceitável: a imagem do espelhinho central é distorcida e borrada demais (em alguns casos, parece de PlayStation 2). É um detalhe importante, que a Turn 10 precisa acertar. 

Rebarbas à parte, “Forza Motorsport” é excelente. Tem bons gráficos, ótima variedade de carros e uma IA notável, bem à frente do resto da indústria. Entrega o que se esperava – e é uma parada obrigatória para quem gosta de corridas e tem Xbox ou PC.   

“Forza Motorsport” estará disponível a partir do dia 10, gratuitamente, para assinantes do serviço Xbox Game Pass. Também será vendido avulso, por R$ 349 (quem comprou a versão Premium, de R$ 499, já pode baixar e jogar hoje).

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