“Jedi Survivor” impressiona pelo visual – e testa os limites do PlayStation 5
Novo jogo da saga Star Wars tem gráficos espetaculares, mas nem o PS5 consegue mantê-lo rodando a 60 fps; títulos baseados na plataforma Unreal Engine 4 dão primeiros sinais de estar "batendo no teto" do hardware
Novo jogo da saga Star Wars tem gráficos espetaculares, mas nem o PS5 consegue mantê-lo rodando a 60 fps; títulos baseados na plataforma Unreal Engine 4 dão primeiros sinais de estar “batendo no teto” do hardware
Jedi: Fallen Order, de 2019, é um ótimo game de ação, com cenários bonitos e detalhados. Fez sucesso e ganhou prêmios. Mas veja como ele se compara ao novo Jedi Survivor, lançado no último dia 28 para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC:
A diferença é brutal. A quantidade de elementos visuais de Jedi Survivor faz seu antecessor parecer um jogo de PlayStation 2. Veja, agora, o clipe abaixo:
Bem impressionante também (em uma televisão 4K, sem a compressão de vídeo imposta pelo YouTube, mais ainda). Jedi Survivor tem -junto com Ratchet & Clank: em uma nova dimensão, lançado em 2021 para o PS5- os melhores gráficos entre os jogos da nova geração de consoles.
O estúdio americano Respawn, que produziu o jogo para a Electronic Arts, colocou nele toneladas de detalhes gráficos e efeitos de luz, incluindo ray tracing. O resultado é muito bonito: só por ele, Jedi Survivor (em que você novamente assume o papel do padawan Cal Kestis) já valeria a pena ser jogado.
Mas esse esplendor tem um preço. Testado no PS5, o jogo rodou bem, com algumas ressalvas. Seu modo “Performance”, por exemplo, não consegue alcançar e manter 60 quadros por segundo: frequentemente cai abaixo disso, mesmo em cenas com pouca ação na tela.
Além de reduzir a fluidez do game, isso gera o desagradável efeito de screen tearing – quando a parte de cima da tela fica levemente fora de sincronia com a de baixo. Então é melhor deixar esse modo de lado e jogar no “Qualidade”, a 30 fps, que não tem esses problemas e é bem estável.
Em ambos os modos, o game faz uso intenso da tecnologia FidelityFX Super Resolution (FSR), da AMD, que aumenta a resolução da imagem. O chip de vídeo renderiza as imagens numa resolução mais baixa, e aí o FSR faz um upscaling de alta qualidade. Isso permite que os consoles aguentem rodar cenas mais pesadas, que sem o FSR eles não suportariam.
O FSR tem efeitos colaterais típicos, e eles são visíveis em Jedi Survivor: elementos pequenos e que se movam rápido, como o cabelo do protagonista ou os contornos dos inimigos, às vezes ficam levemente pixelados/borrados. O efeito é discreto, não incomoda muito: mas, depois que você o nota, fica difícil de ignorar.
Outra questão é que a resolução interna, que os consoles geram e entregam para o algoritmo FSR melhorar, é bem baixa em alguns momentos. A análise do canal Digital Foundry revelou que, no PlayStation 5, Jedi Survivor chega a trabalhar a 970p (no modo Qualidade) ou 648p (no Performance). 970p não é o fim do mundo, mas tem consequências visíveis – elementos retos dos cenários, como escadas e chapas metálicas, frequentemente apresentam serrilhamento (aliasing) nas bordas.
Isso não chega a prejudicar o game – que, além de visualmente excelente, também é bem divertido. Com certeza merece ser jogado. Mas é um sinal de que os consoles atuais também têm seus limites, e os games mais recentes podem estar começando a alcançá-los.
Jedi Survivor foi feito na plataforma de desenvolvimento Unreal Engine 4, da Epic Games, que domina o mercado – ela é usada em quase 50% dos jogos. Foi empregada para fazer Redfall, game de tiro que foi lançado semana passada para o Xbox Series X/S – e desapontou os jogadores ao não oferecer um modo 60 fps (Redfall também tem outros problemas de desenvolvimento, que vão além da saturação gráfica).
A atual geração de consoles está prestes a completar dois anos e meio, e a indústria de games começa a abandonar a anterior (Jedi Survivor, Redfall e Horizon: Burning Shores, três grandes lançamentos recentes, não receberam versões para PS4 e Xbox One).
Ao mesmo tempo em que finalmente se tornam o padrão do mercado, os novos consoles dão os primeiros indícios de que possam estar “batendo no teto” visualmente. Mas isso com games desenvolvidos na plataforma Unreal 4.
Entre o final deste ano e o início do próximo devem começar a chegar os primeiros jogos feitos com sua sucessora, a Unreal Engine 5, que promete um grande salto gráfico – inclusive no hardware atual.