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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

Novo “Zelda” consegue ir além do próprio hype – e vai entrar para a história dos games

Com 10 milhões de cópias vendidas no lançamento, "Tears of the Kingdom" prova o valor do estilo metódico e conservador da Nintendo

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 set 2024, 15h40 - Publicado em 18 Maio 2023, 12h19

Com 10 milhões de cópias vendidas já no lançamento, “Tears of the Kingdom” prova o valor do estilo metódico e conservador da Nintendo

Confesso: Não amo Zelda: Breath of the Wild. Ele mesmo, unanimidade de público e crítica, vencedor de 25 prêmios internacionais, considerado um dos melhores games de todos os tempos… não fez minha cabeça.

Provavelmente porque quando foi lançado, em 2017, eu não tinha um Switch, e acabei só pegando Zelda anos depois – quando já tinha jogado Death Stranding, uma obra-prima claramente inspirada no megahit da Nintendo. O mundo gigantesco, os inimigos esparsos, a dificuldade em atravessar o terreno, está tudo lá – só que com gráficos e história bem mais elaborados. 

Mas agora, com o novo Zelda: Tears of the Kingdom (lançado dia 12/5), a Nintendo volta a acertar em cheio: o jogo, que tem recebido notas altíssimas dos críticos, vendeu 10 milhões de cópias nas primeiras 72h. É o segundo lançamento mais bem-sucedido da história dos games (só perdendo para GTA V, que vendeu 11 milhões de cópias no primeiro dia). 

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Ele é muito parecido a seu antecessor: a missão é atravessar um grande mundo aberto, lutando e resolvendo puzzles até encontrar a princesa, a fugidia Zelda. Tudo como antes. E essa semelhança é ótima. 

Zelda, tanto o anterior quanto o novo, é genial porque nele as coisas acontecem em escala humana, não ao estilo de videogame. O protagonista Link é frágil, e facilmente se cansa de correr, escalar, nadar. Pode morrer de frio. Suas armas quebram. As coisas são longe, você tem que pensar bem em como vai atravessar o mapa e transpor obstáculos.

Isso foi revolucionário em 2017, deu aos jogos de mundo aberto uma maturidade e sofisticação inéditas. E, hoje, ainda pode ser encantador. Faz com que, mesmo tendo gráficos simples e enredo lacônico, Tears of the Kingdom se torne incrivelmente imersivo. Ele consegue ser relaxante e desafiador ao mesmo tempo. É acessível, mas tem profundidade. 

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tela do jogo Zelda: tears of the kingdom
(Nintendo/Reprodução)

A Nintendo é conhecida pelo excelente level design, e o jogo mostra bem isso: cada obstáculo, inimigo ou enigma aparece exatamente onde, como e quando deveria. Nada parece aleatório ou gratuito.

A função Ultrahand, com a qual você manipula determinados elementos dos cenários (para construir pontes e outras estruturas), é uma novidade interessante. Expande as possibilidades do game, sem quebrar sua harmonia. 

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Por falar em harmonia, a trilha e os efeitos sonoros chamam muito a atenção. As músicas são bonitas e bem executadas, com uma qualidade rara em games. Também são, acima de tudo, pertinentes: conversam bem com a ação, e com os momentos mais contemplativos. 

Assim como seu antecessor, Tears of the Kingdom é gigantesco. A campanha principal tem aproximadamente 50 horas, que podem quase dobrar se você quiser fazer todos os objetivos secundários. Uma jornada e tanto – e que certamente vale a pena. 

A “nova” geração de consoles está completando dois anos e meio. Mas a Nintendo, mesmo ainda com hardware da geração passada, conseguiu produzir mais um clássico instantâneo. E rodando no Switch, um console que tem apenas 0,4 teraflop de capacidade de processamento gráfico – 25 vezes menos que o Xbox Series X e o PlayStation 5. 

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Poder gráfico é importante. É ele que permite games cada vez mais bonitos e realistas.

Mas inteligência, competência e bom gosto podem ser armas tão poderosas quanto um caminhão de teraflops. Ou até mais.   

Zelda: Tears of the Kingdom

Foto da capa do jogo The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom; em fundo cinza.

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